Mais de cem candidatos tiram nota máxima na redação do Enem

Mais de cem candidatos tiram nota máxima na redação do Enem

Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu o tema proposto, violência contra a mulher

Correio do Povo

Mais de cem candidatos tiraram nota máxima na redação do Enem

publicidade

* Com informações da AE e Agência Brasil

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, fez um balanço do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015 nesta segunda-feira. Segundo dados apresentados pelo Ministério da Educação, 104 pessoas tiraram a nota máxima na redação - 1000 pontos. O número de candidatos que zeraram a redação foi de 53 mil. O tema deste ano "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" foi alvo de críticas após o concurso. Mercadante, contudo, defendeu a proposta. "Houve uma tentativa de crítica ideológica a respeito da redação. O Brasil é o 5º país com maior violência contra a mulher."

Em 2015, as médias nas provas do Enem foram 558,1 em Ciências Humanas; 478,8 em Ciências da Natureza; 505,3 em Linguagens e Códigos; e, 467,9 em Matemática. Em 2014, as médias foram 546,5 em Ciências Humanas - única mais baixa em relação a este ano -; 482,2 em Ciências da Natureza; 507,9 em Linguagens e Códigos; e, 473,5 em Matemática.

Em relação à redação, na avaliação do ministro, o desempenho "foi bastante razoável". As redações são revistas por dois corretores. Se há uma diferença maior do que 100 pontos entre as notas dadas por eles, a redação vai para um terceiro corretor. Segundo ele, nesse ano caiu muito a necessidade do terceiro corretor, o que mostra também uma melhor capacitação dos profissionais que atuam na correção.

A divulgação das notas de redação este ano incluíu apenas os estudantes que fizeram a prova, segundo Mercadante. No ano passado, os que deixaram a redação em branco foram computados entre os que tiraram zero, inflando o número.

Ele destacou ainda que mulheres descreveram depoimentos de assédio que sofreram ou foram testemunhas na redação. Mercadante disse que MEC consultou o Ministério Público para saber quais providências poderão ser tomadas com os depoimentos da redação.

Das mulheres que escreveram a redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) no ano passado, 55 deram "depoimentos contundentes" sobre o tema violência contra a mulher - seja como vítimas ou como testemunhas. 

"Como temos o compromisso do sigilo, queremos evitar o contato direto com as mulheres que relataram preocupantes situações de estupro e violência, principalmente porque o agressor pode ser uma pessoa muito próxima", disse o ministro, Aloizio Mercadante". " Por isso, as recomendações serão divulgadas publicamente", completou.

Mercadante aproveitou ainda para elogiar o desempenho de 13 alunos que obtiveram a nota máxima em matemática. Disse também que, de acordo com o último Censo feito em instituições de nível superior em todo o País, 35% são o primeiro aluno da família a ingressar em uma universidade. O ministro citou ainda que, em universidades como a de Minas Gerais (UFMG), já há dados apontando que os cotistas estão apresentando desempenho melhor do que os que não entraram pelas cotas.

MEC estuda separar Enem entre prova de certificação e vestibular

Aloizio Mercadante disse que o governo estuda a separação de provas para os alunos que querem apenas a certificação no segundo grau dos que querem concorrer a uma vaga na universidade. Dos pouco mais de 6 milhões que prestam provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, 800 mil tinham objetivo obter o diploma e os 5,2 milhões demais são candidatos às universidades.

A dificuldade de mudar o sistema, de acordo com o ministro, é que muitos estudantes que, a princípio, querem apenas o diploma de conclusão daquele ciclo escolar, depois acabam usando a mesma nota do Enem para acessar o ensino superior, sem precisar de nova prova.

"Por isso, estamos avaliando bem esta questão", declarou Mercadante.

Em caso de separação das provas, o aluno precisaria se submeter a novo exame. Mas o ministro entende que o método precisa ser alterado. "O sarrafo não é adequado", comentou, ao explicar que não seria preciso que todos se submetessem à mesma prova, já que, muitas vezes, o aluno se submete ao Enem para certificação de apenas uma ou duas disciplinas e não para todas as matérias.

"A dificuldade é exatamente fazer um exame que contemple as duas pontas, que certifique bem e permita um bom acesso à universidade", comentou, acrescentando que o objetivo é sempre aprimorar mais o exame, a segurança do sistema. "Precisamos analisar se, de fato, para a certificação, o Enem é adequado, ou se precisa mudar."

Dois exames

O ministro da Educação não quis falar sobre a possibilidade da realização de dois Enens no mesmo ano, um pleito dos estudantes para terem duas oportunidades por ano de ingressar no ensino superior. Questionado se poderia ter dois exames, o ministro foi lacônico: "Não posso te dizer isso".



Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895