Mesmo com verba, escolas do RS sofrem com falta de merendeiras e estrutura

Mesmo com verba, escolas do RS sofrem com falta de merendeiras e estrutura

Problema é relatado em instituições de diversos municípios

Maria José Vasconcelos

Segundo delegada do Sindicato dos Municipários (Simca), crianças estão pagando por má administração

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A boa notícia relativa à merenda para os alunos do país foi o anúncio do presidente Lula, em 10 de março, sobre o aumento no repasse federal do Programa de Alimentação Escolar (Pnae), a partir deste mês. Essa verba estava sem correção há cinco anos, em defasagem próxima a 35%.

Mas chegar ao aluno é ainda problema na rede pública estadual gaúcha. Isso porque muitas escolas, apesar de terem inclusive reforço estadual para a alimentação do estudante, enfrentam falta de merendeiras, afetando esse atendimento.

Em Porto Alegre, a Escola Estadual Tenente Coronel Travassos Alves, no bairro Partenon, iniciou este ano letivo com cozinha interditada e crianças sem merenda. A vice-diretora, Giany Rodrigu disse que o chão começou a ceder e que, em janeiro, foi verificado forte cheiro de gás na cozinha, exigindo diversos cuidados. A escola tem 480 alunos do Ensino Fundamental, nos turnos manhã e tarde. Conforme a diretora Sonia Dellamora, o problema não é de agora. Ela explica que, em 2020, foi iniciada uma grande mobilização pela cozinha, com a tubulação em processo de análise. E enquanto o local não pode ser usado, a alternativa é servir lanches aos estudantes. A diretora lamenta o fato, porque percebe que muitas crianças precisam de um alimento mais reforçado.
  
Canoas

Os 1.080 alunos do Colégio Estadual Professora Margot Terezinha Noal Giacomazzi têm sentido o impacto da falta de funcionários na hora das refeições. No lugar do almoço, recebem bolacha e suco, pois, atualmente, a escola tem duas merendeiras e espera pela contratação de mais três, para atender a demanda. O diretor Cleber Sganzerla esclarece a situação. “É problema recorrente. A cada seis meses, ou menos, contratam novos funcionários, depois demitem e não pagam. A última empresa está sem pagar o salário e os direitos”, relata. Ele acrescenta que o Colégio Margot recebeu uma verba que deve auxiliar no fornecimento de mais alimentos. Porém, sem a contratação de profissionais, o problema não é resolvido.

O Cpers informou que o sindicato seguirá pressionando, para que os direitos dos educadores sejam garantidos e respeitados. E disponibiliza um formulário on-line, para que as escolas relatem suas demandas.

Canela

A Escola Estadual de Educação Básica Neusa Mari Pacheco – Ciep, o maior educandário público de tempo integral do Rio Grande do Sul, e referência nacional em Educação Pública de Tempo Integral enfrenta dificuldades. Está com pessoal insuficiente para atuar na merenda dos escolares.

O “Ciep do Canelinha, a Escola da Piscina Térmica”, como é conhecida, serve, diariamente, cerca de 800 almoços, 1,6 mil lanches manhã/tarde e 150 refeições no noturno. São 1.110 alunos atendidos (sendo 890, em tempo integral). A deputada Sofia Cavedon, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, visitou, na última semana, a Escola, que, desde o final de janeiro/2023, apresentou à Coordenadoria Regional de Educação (4 CRE) a necessidade de mais duas merendeiras para atender a demanda. A direção escolar explicou que o pedido foi encaminhado à Secretaria Estadual da Educação, sem, até agora, nenhuma resolução. E as merendeiras em serviço no Ciep “são guerreiras”, segundo Sofia, “pois estão sobrecarregadas e cansadas, precisando que a comunidade seja urgentemente atendida”, assinala a deputada.




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