Novo ministro da Educação fala sobre necessidade de "acalmar ânimos"

Novo ministro da Educação fala sobre necessidade de "acalmar ânimos"

Abraham Weintraub tomou posse nesta terça-feira

Agência Brasil e AE

Weintraub foi empossado no Palácio do Planalto

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comprometeu-se hoje (9) a melhorar os resultados educacionais do Brasil com o orçamento atual. O ministro disse não ser "radical", ter experiência em gestão e disposição em apresentar resultados. "Com o que a gente gasta em relação ao PIB, a gente tem de entregar mais", defendeu, após ser empossado em solenidade no Palácio do Planalto.

Durante discurso, Weintraub falou novamente sobre a necessidade de se "acalmar os ânimos" para fazer "a roda rodar" de forma republicana. "Estamos abertos, vamos conversar, entregar o resultado que o governo se propôs", disse. "Precisamos entregar mais com menos, mais com o mesmo que a gente já gasta. Com o que a gente gasta em relação ao PIB, a gente tem de entregar mais. A função do ministro da Educação é entregar o que foi prometido no plano de governo", completou.

Descontraído, Weintraub começou sua fala brincando que as pessoas têm que relaxar um pouco quando for falar seu nome. "Podem me chamar de Abraham só". Ele pregou "calma de ânimos" no País e agradeceu a confiança do presidente Jair Bolsonaro pela nomeação e também do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a quem era vinculado antes de ser indicado para substituir o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez.

O novo ministro disse que ver "a substituição (de ministros) como algo natural", em referência à saída de Vélez, que deixa a função após uma série de polêmicas acumuladas na pasta. "São vinte e dois ministros - dois times de futebol completos - e dificilmente você vai ver o técnico não fazer uma ou outra modificação. Não porque seja ruim ou seja bom o ministro. Mas porque talvez naquele momento não esteja adequado. Vejo a substituição como algo natural", considerou. "O foco é com a população, que está demandando serviços melhores, com os pagadores de impostos, com as famílias", acrescentou.

Para rebater críticas de que não tem atuação na área de educação, Weintraub disse que não tem filiação partidária, se definiu como "técnico" e fez um resumo de sua carreira acadêmica como professor universitário, com vasta experiência, inclusive internacional. "Me sinto confortável para dizer que 70% dos ministros dos últimos anos eram professores universitários. É exatamente o que sou: professor universitário. Eu não tenho filiação partidária. Tenho convicções políticas que guiam meus passos, mas não estou acima das leis, do mandato que o presidente recebeu. Temos de ser subservientes às leis. Estamos aqui para servir o povo, a todos, mesmo aqueles que não concordam com a gente".

O novo ministro destacou que o seu diferencial é exatamente na parte de gestão e afirmou que estava ressaltando essa sua capacidade "não para se vangloriar, mas para acalmar ânimos".

Escolha

O presidente Jair Bolsonaro discursou na cerimônia de posse do ministro. Segundo ele, a escolha de Weintraub foi feita entre mais de 10 "bons currículos" e que viu no indicado a maioria dos pré-requisitos necessários para o cargo. "Ele é aquele que não tinha deficiência ou era melhor em cada um desses itens (pré-requisitos para o cargo), por isso eu escolhi o nosso Abraham."

Bolsonaro afirmou que Weintraub terá liberdade para escolher sua equipe na pasta. Nos últimos meses, houve troca em pelos mais de 10 cargos do alto escalão do ministério e órgãos vinculados na gestão de Vélez. "Ele (Weintraub), assim como os demais ministros que estão aqui, tem carta branca para escolher todo o seu primeiro escalão", disse.

O presidente ressaltou que acredita no "empenho, dedicação e patriotismo" do novo ministro e definiu o que espera de resultado na educação até o fim do seu mandato. "No final do nosso mandato, se Deus quiser, em 2022, nós possamos ter uma garotada que não esteja ocupando os últimos lugares do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), uma prova internacional que se faz com a molecada desde a nova série do ensino fundamental, na faixa dos 15 anos de idade. Nós queremos que não mais 70% dessa garotada não saiba fazer regra de três simples, não saiba interpretar texto, não saiba perguntas básicas de ciências", afirmou. Em um ranking de 70 países, o Brasil ocupa a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática, no Pisa. 

Weintraub foi integrante da equipe de transição do governo do presidente Bolsonaro, e ocupou o cargo de secretário executivo da Casa Civil, sob o comando de Onyx Lorenzoni. O novo ministro é, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestre em administração na área de finanças pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (USP - 1994). Atuou como economista-chefe e diretor do Banco Votorantim, e como sócio na Quest Investimentos.

Dados

Atualmente, o Brasil investe o equivalente a 5,5% do PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, de acordo com dados de 2015 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os últimos disponíveis. Considerando apenas os gastos públicos com educação pública, esse investimento é equivalente a 5% do PIB. O investimento está no mesmo patamar de países com melhores resultados educacionais, quando se trata da porcentagem. O Chile, por exemplo, investe o equivalente a 4,8% do PIB daquele país, o México, 5,3% e os Estados Unidos, 5,4%. 

Em valores, no entanto, o Brasil está aquém de outros países. O governo do Brasil gasta cerca de US$ 3,8 mil por estudante dos ensinos fundamental e médio nas instituições públicas, o que representa menos que a metade da média Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).




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