Raça: estrutura escolar é desigual

Raça: estrutura escolar é desigual

Estudo nacional revela que escolas públicas com piores condições têm mais alunos negros

Correio do Povo

Estudo aponta disparidade de acesso a recursos para alunos negros e brancos da rede pública de educação básica

publicidade

Um levantamento que relaciona a infraestrutura escolar pública com a raça dos estudantes revela que escolas com mais alunos negros estão em piores condições. A desigualdade é verificada na oferta de equipamentos básicos, como biblioteca, laboratório de informática e quadra de esportes.

Conforme pesquisa divulgada ontem pelo Observatório da Branquitude, escolas com 60% ou mais de alunos auto-declarados negros têm piores infraestruturas de ensino, quando comparadas as de maioria branca. O estudo “A cor da infraestrutura escolar: diferenças entre escolas brancas e negras”, aponta que 69% dos alunos brancos da Educação pública brasileira estão melhor assistidos.

Comparativo

A maioria das escolas públicas com 60% ou mais de alunos autodeclarados brancos tem:

  • Biblioteca (55,29%)
  • Laboratório de informática (74,69%)
  • Quadra de esportes (80,33%)
  • Rede de esgoto (72,28%)

Nas escolas com alunos majoritariamente negros, é mais rara a presença dos mesmos recursos:

  • Biblioteca (49,8%)
  • Laboratório de informática (46,9%)
  • Quadra de esportes (48,21%)
  • Rede de esgoto (43,44%)

Condição de vida

A recente análise indica que a desigualdade é também socioeconômica e geográfica. A conclusão é baseada no Indicador de Nível Socioeconômico (Inse) de 2021, avaliação que combina, basicamente, a escolaridade dos pais do estudante e a posse de bens e serviços da família, representados em um indicador que varia de 1 a 7. Assim, quanto menor o número, pior é a condição socioeconômica do estudante.

O levantamento nacional assinala, ainda, que 75% das escolas com maioria de alunos negros se encontram no nível 3 e 4 do Inse. E 88% das escolas com mais alunos brancos concentram estudantes nos níveis 5 e 6.

Extremos do ranking

Ao verificar os dados pesquisados, também se percebe as escolas que ficaram na base e no topo do indicador socioeconômico. As instituições que têm todos os alunos ocupando o índice mais baixo no Inse são majoritariamente negras, não têm coleta de lixo ou esgoto e se concentram nas regiões Norte e Nordeste do país, principalmente no Amazonas (46,15%) e no Pará (30,77%). Mais da metade está localizada em territórios diferenciados (quilombos, terras indígenas ou áreas de assentamento da reforma agrária) e um terço não tem acesso à água potável.

No outro extremo, as escolas cujos alunos têm melhor avaliação no Indicador são majoritariamente brancas e estão em regiões urbanas do Sul e do Sudeste do país, especialmente no Rio Grande do Sul (37,5%) e São Paulo (28,12%). Nesse grupo, mais de 70% das instituições de ensino têm biblioteca, coleta de lixo, laboratório de informática e quadra de esportes, além de acesso garantido à água potável.

Fontes

O estudo do Observatório foi elaborado com base em dados do Censo Escolar da Educação Básica; e do Indicador de Nível Socioeconômico (Inse) de 2021. Ambos divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC).




Pós-graduação, Formação para dirigentes educacionais e Prêmio de redação: confira a agenda deste sábado

Seleções são realizadas pela Universidade Estadual do RS, Federal do RS e Associação dos Juízes do estado

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895