Ta ná Mesa aborda "Como conectar educação, sociedade e mercado?"

A personalização da Educação, o empoderamento do professor e o acompanhamento do processo avaliativo do aluno são as principais tendências para o futuro educacional, segundo relatório feito pelo Google. Os resultados do levantamento foram apresentados nesta quarta-feira (31/5), durante o evento “Tá na Mesa”, realizado pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Para abordar o tema “Como conectar educação, sociedade e mercado?”, foram convidadas: a secretária de Educação do RS, Raquel Teixeira; a líder de educação pública do Google for Education, Marici Marchini; e Mariana Montaldo, enlace/elo Institucional do Plano Ceibal (Conectividad Educativa de Informática Básica para el Aprendizaje enLínea ) no Uruguai.

As palestrantes apontaram inovações, iniciativas e metodologias de ensino que têm apresentado bons resultados na área. Marici explicou que o estudo internacional do Google foi realizado em 24 países, com participação de 94 especialistas em Educação. Ao destacar as três principais tendências do setor, ela ressaltou a importância de entender quais as melhores formas para cada aluno aprender e como ferramentas de Inteligência Artificial (IA) podem colaborar neste processo. 

Sobre o papel do professor, ela revelou que com aporte tecnológico, de 20% a 40% das tarefas do docente poderiam ser realizadas automaticamente, se fossem sistematizadas. “A IA pode economizar 13 horas do tempo do professor por semana em coisas simples, como dar notas, corrigir, fazer chamada de presença.” A respeito da reavaliação do progresso dos estudantes, Marici argumenta que é possível antever as dificuldades de aprendizado, antes da avaliação final, se houver um acompanhamento próximo, com transparência e facilitação do feedback. Ainda, antecipou que, para o 2º semestre de 2023, o Google for Education vai disponibilizar no Brasil a ferramenta “Practice Sets”, que possibilitará a realização de atividades digitais, corrigidas pelo ambiente virtual; campos para anotações individuais sobre cada aluno; entre outras funções. Acesso ao relatório completo do Google.

Já a secretária da Educação do RS, destacou que o grande desafio é trabalhar a educação híbrida que “veio para ficar”. Também assinalou que para o pleno desenvolvimento dos alunos, é preciso que haja parceria entre o Estado e a sociedade. “A Educação integral é aquela que articula as competências cognitivas com as competências socioemocionais”. Raquel também apontou as conquistas recentes de diversos alunos da rede pública que participaram de competições internacionais e foram reconhecidos por projetos inovadores. “A educação pública virou sinônimo de carência, mas é sinônimo de potência.” Das ações em curso na Secretaria, ela salientou o Programa de Educação Antirracista; o núcleo Cuidado e bem-estar escolar; e o Centro Gaúcho de Educação mediada por Tecnologia, que deve ser lançado em breve, em parceria com o Google. 

Mariana apresentou os resultados do plano uruguaio Ceibal, política pública que promove inclusão digital nas práticas pedagógicas. Através da iniciativa, foram distribuídos laptops educacionais para professores e alunos; houve construção de infraestrutura adequada para garantir o acesso à internet nas escolas; além de investimento na formação dos professores da rede pública. As adaptações tecnológicas implementadas nas escolas, também consideram as especificidades de alunos com deficiência. O modelo, aplicado desde 2008, é a 2ª política pública mais eficaz da área no Uruguai. 

Obras nas escolas e Ensino em tempo integral terão novidades

Na próxima segunda-feira (5/6), o governador Eduardo Leite deve anunciar novidades sobre as obras nas escolas estaduais e planos para aplicação do ensino em tempo integral. As informações foram dadas pela secretária estadual da Educação no RS, Raquel Teixeira, em coletiva de imprensa ocorrida ontem (31/5). 

Sobre o ensino em tempo integral, a secretária apontou que um dos principais desafios se refere à resistência das famílias em perceber os benefícios da permanência na escola para os alunos do Ensino Médio. Ela explica que, em muitos casos, a expectativa é que estes jovens já ingressem no mercado de trabalho no contraturno escolar, por isso, destaca a importância de mostrar os benefícios da educação nesta modalidade. “Precisamos fazer um trabalho de mostrar as mudanças que aconteceram no mundo e como o tempo a mais nas escolas vai garantir melhores salários, melhores colocações, melhor qualidade de vida”. Para incentivar essa adesão, mudanças no Programa Jovem na Escola também devem ser anunciadas, com aperfeiçoamento do programa que deve se tornar mais atrativo aos alunos. 

A previsão do governo é que, até o final do governo Leite, o estado tenha 550 escolas de Ensino Médio funcionando em tempo integral. Atualmente, são 85 escolas nesta modalidade e, se consideradas escolas técnicas e escolas Tiradentes, o número sobre para 111. Entre os requisitos para que a escola funcione neste modelo estão: oferta do Ensino Médio diurno; estrutura que permita espaço para o crescimento; que o município tenha pelo menos duas escolas de Ensino Médio, para que o estudante possa optar pelo tempo integral ou parcial. Ela ainda assinala que é preciso pensar em carreiras mais estruturadas para os professores, com gratificações e permanência na mesma escola.