Tecnologia na Educação não alcança a todos, diz estudo

Tecnologia na Educação não alcança a todos, diz estudo

Relatório da Unesco expõe impactos do uso excessivo de ferramentas e desafios enfrentados pelo mundo

Correio do Povo

Dados indicam que a pandemia impulsionou o uso de ferramentas digitais

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No mundo, apenas 40% das escolas primárias estão conectadas à Internet. No 1º nível da educação secundária, o acesso chega a 50% delas. E em instituições de ensino de 2º nível da educação secundária, 65% estão na rede. Os dados foram divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), dia 26/7, no relatório “A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”.

O estudo reúne pesquisas, levantamentos e análises sobre o uso da tecnologia no ensino em diferentes regiões do mundo. Apesar de apontar benefícios, inclusive a criação de oportunidades a estudantes com deficiência, o relatório revela dados preocupantes, como desigualdade no acesso às novas ferramentas e a falta de capacitação docente.

O trabalho da Unesco indica que, nos últimos 20 anos, estudantes, educadores e instituições adotaram ferramentas de tecnologia digital de forma ampla. O número de estudantes em cursos on-line abertos massivos aumentou, de 0 (em 2012) a pelo menos 220 milhões (2021). Na modalidade a distância (EAD), o ensino on-line “evitou o colapso da educação durante o fechamento das escolas, na pandemia da Covid-19”, assinala. Foram mais de 1 bilhão de estudantes alcançados, mas ao menos 31% (menos de meio bilhão) dos alunos de todo o mundo não foram contemplados. Destes, 72% estão entre os mais pobres.

Também o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas tem pressionado os sistemas a se adaptarem. “Os professores, muitas vezes, se sentem despreparados e pouco seguros para dar aulas usando tecnologia. Somente a metade dos países têm padrões de desenvolvimento de habilidades em TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação) para professores.”

O levantamento ainda revela que “a tecnologia pode ter um impacto negativo, se for inadequada ou excessiva”. Ao citar dados de avaliações internacionais, como o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), o estudo sugere uma correlação negativa entre o uso excessivo das tecnologias e o desempenho acadêmico. “Descobriu-se que a simples proximidade de um aparelho celular era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países”, constata.

Relatório também pontua benefícios

Conforme o estudo, algumas tecnologias educacionais podem contribuir em aprendizagens, como o aumento de acesso a recursos de ensino, visto na Biblioteca Acadêmica Digital Nacional da Índia ou no Portal dos Professores em Bangladesh, com mais de 600 mil usuários.

Diferente do que se imagina, o trabalho indica que a tecnologia não precisa ser avançada para ser efetiva. Traz o exemplo da China, onde gravações de aulas de alta qualidade são distribuídas a 100 milhões de estudantes rurais. Essa iniciativa melhorou 32% os resultados do ensino, e diminuiu 38% a desigualdade salarial entre populações urbanas e rurais.

Cpers alerta aumento de desigualdade

O Sindicato dos Professores do RS (Cpers), que compartilhou os dados do relatório, considera as informações do estudo uma constatação de que “não há dúvidas que as ferramentas auxiliam na educação, mas o custo para que o acesso a aparelhos, aplicativos e Internet seja igualitário é muito alto, fazendo com que a desigualdade social se escancare ainda mais”.

O Cpers argumenta que é “preciso avaliar se essas ferramentas são realmente úteis para o dia a dia das instituições estaduais de ensino”. Ainda, alerta que não se pode “permitir que a gestão das escolas públicas – e o dinheiro dos gaúchos – seja repassado imprudentemente aos grandes empresários”. 




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