Volta às aulas na rede estadual é marcada pela reabertura do Instituto de Educação

Volta às aulas na rede estadual é marcada pela reabertura do Instituto de Educação

Cerca de 700 mil estudantes em 2,3 mil escolas gaúchas iniciam ano letivo nesta segunda-feira

Cristiano Abreu

Estudantes assinaram mural de boas-vindas, no retorno das atividades do Instituto de Educação General Flores da Cunha, fechado durante dez anos

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Quando a professora aposentada vera Perroni, 76, parou diante dos portões e olhou a fachada recém-pintada, soltou um enorme sorriso. Admirada, caminhou pelo saguão, repetindo um gesto que realizou por 20 anos. Já no pátio, ao escutar a sineta que simbolizou o início do ano letivo na rede estadual e marcou a reabertura do Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE), em Porto Alegre, sentenciou: “É uma volta ao passado”.

A volta da sineta representou também o fim de uma espera que durou dez anos. Foi este o tempo sem aulas no IE, necessário para uma reforma estrutural completa. Do piso ao telhado, R$ 23,4 milhões foram aplicados para recuperar o prédio histórico, concebido para abrigar a exposição em comemoração ao centenário da Revolução Farroupilha, em 1935.

A estrutura conta com três pavilhões independentes: o principal, voltado para a Avenida Osvaldo Aranha; o da Educação Infantil, de frente para o largo central do Parque Farroupilha e que se conecta ao primeiro por um pergolado; e o do ginásio de esportes, voltado para a Avenida Setembrina. A proposta do governo estadual é tornar o local um Centro de Referência em Educação, com o Centro de Formação de Professores, estúdios do Centro de Mídias e o Museu da Escola do Amanhã.

“Quem faz a vida da escola acontecer, são os alunos, os professores, os funcionários. Queremos muita animação circulando nesses corredores”, lembrou o governador Eduardo Leite na recepção feita aos alunos nesta manhã, quando destacou também a importância de devolver o Instituto à comunidade e seus 1.014 estudantes nos turnos da manhã, da tarde e da noite.

“Fui aluna aqui do Instituto desde a infância, da escola normal da época. Depois voltei como professora, em 1979, e fiquei até me aposentar. Meus filhos estudaram aqui, então a emoção é muito grande, é lindo ver o IE renovado”, completa dona Vera.

Volta para 700 mil estudantes

O ano letivo na rede estadual começa nesta segunda-feira para 700 mil alunos em 2,3 mil escolas gaúchas. E de acordo com a secretária da Educação, Raquel Teixeira, além de investimentos em infraestrutura, na casa dos R$ 300 milhões, o novo período traz mudanças no planejamento pedagógico. “O foco é fazer das escolas espaços bonitos, atrativos, e seguros, com desempenho cada vez melhor”, afirma.

Como novidades, a Secretaria destaca a ampliação das Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Para 2024, são mais 94 unidades de ensino, passando de 111 para 205 instituições em tempo integral.

Sem condições de aula

Na porta do IE, também nesta manhã, a comunidade escolar cobrou a reforma da Escola Estadual Doutor Martins Costa Júnior localizada no bairro São José, em Porto Alegre. Uma infiltração no telhado levou à interdição de um dos prédios, situação que perdura há três anos. Por conta da falta de infraestrutura, a instituição, que já chegou a atender 700 alunos do Ensino Fundamental, hoje atende a apenas a metade.

Escola Estadual Doutor Martins Costa Júnior foi ao IE cobrar do governo a reforma de prédios interditados | Foto: Guilherme Almeida

Conforme Neiva Lazzarotto, diretora do 39º Núcleo do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato) os problemas foram agravados pelas chuvas de 2023 e o temporal do início deste ano. “Por decisão da comunidade escolar, pelas mães e pais, só haverá aula a partir de amanhã, isso se não chover, porque um dos prédios em uso está destelhado desde o dia 16 de janeiro e o Estado ficou de enviar lonas somente hoje”, cobra Neiva.

De acordo com a representante do sindicato, a escola reúne outras dificuldades estruturais, como um muro que desabou e falhas na rede elétrica. “Viemos parabenizar o Instituto de Educação pela volta, depois de 10 anos, mas precisamos de apoio urgente para a Doutor Martins Costa Júnior, por enquanto aqueles estudantes estão apenas com promessas de uma reforma que nunca chega”, completa.

Sobre o caso, a secretária da Educação do Estado, Raquel Teixeira, destacou que outras escolas que já estiveram interditadas estão voltando a funcionar. Para isto, foram aportados R$ 300 milhões para infraestrutura. Já o governador Eduardo Leite, que entrou no IE por um portão lateral e não viu a manifestação da Doutor Martins Costa Júnior, destacou que a prioridade do governo é a recuperação dos ambientes escolares. “Queremos todas as escolas como o IE, mas é uma batalha longa e que ainda estamos travando”, resumiu.

Mais de 40 mil voltam na rede municipal em Porto Alegre

Nesta segunda-feira, os mais de 40 mil alunos do Ensino Fundamental da rede municipal de educação retornam às aulas em 57 escolas de Porto Alegre. Somando as turmas de Educação Infantil, que retornaram às atividades em 14 de fevereiro, mais de 4,5 mil professores estão novamente em salas de aula. O prefeito Sebastião Melo acompanhou o início do ano letivo na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Loureiro da Silva, no bairro Cristal.

Rede particular recebe 459 mil

As escolas particulares da Capital e região Metropolitana retomam atividades de forma gradativa, desde a semana anterior. A rede Adventista iniciou o ano letivo em suas 25 unidades no Rio Grande do Sul no dia 14, assim como nove escolas da rede Notre Dame.

Na semana passada, Os colégio Santa Doroteia e Anchieta, em Porto Alegre, realizaram formações pedagógicas com os professores e iniciaram hoje o calendário de 2024. A Rede Marista também recebeu as primeiras turmas nesta segunda-feira.

No total, segundo levantamento do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), os 459 mil alunos de escolas particulares estarão de volta às instituições a partir desta segunda-feira.

O retorno no Colégio Anchieta registrou complicações no trânsito durante a manhã. Cerca de 80 estudantes da 3ª série do Ensino Médio invadiram a avenida Nilo Peçanha, onde a escola fica localizada, fazendo uso de rojões e sinalizadores de fumaça. A Brigada Militar e agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) foram acionados. A aglomeração forçou o bloqueio da Nilo nos dois sentidos da via, por volta de 7h.

O Anchieta informou que os portões da escola às 7h30min, horário programado para o acolhimento dos estudantes, e que as aulas iniciaram normalmente após as 8h.




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