Índice de “excesso de mortes” do RS é o mais baixo do Brasil

Índice de “excesso de mortes” do RS é o mais baixo do Brasil

Proporção no Estado é dez vezes menor que a do país, apesar da pandemia de Covid-19

Gabriel Guedes

Grupo de Trabalho pela Transparência na Covid-19 realiza visita técnica ao Hospital Beneficência Portuguesa

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Além de estar entre as menores taxas do país em mortes por Covid-19 para cada grupo de 100 mil habitantes, o Rio Grande do Sul também tem o número mais baixo do país no “excesso de óbitos” entre os estados do país – índice que mensura a diferença entre o que se observa em relação ao que era projetado em quantidade de mortes de causas naturais. 

O número falecimentos por diferentes causas naturais além do esperado desde o início da pandemia até o mês de julho alcançou 2,2% entre os gaúchos, quando no Brasil esse percentual é dez vezes mais alto (22,4%).

O dado representa que, mesmo com as mais de 4.900 mortes provocadas pelo novo coronavírus, estima-se que o RS teve 826 perdas além das esperadas para o período. Em termos nacionais, o excesso de óbitos ultrapassa os 118 mil. Comparando a Santa Catarina e Paraná, os vizinhos têm números proporcionalmente três vezes maiores. O estado do Amazonas está no topo, com um percentual de 74%. Em números absolutos, São Paulo aparece com a maior diferença entre óbitos projetados e observados desde fevereiro deste ano: 18.443 (15,1%).

Caso o RS reproduzisse aqui as mesmas taxas de mortalidade do país, o número de óbitos por Covid-19 estaria atualmente ao redor 7,8 mil registros. O estudo aponta também que o estado tem uma das menores relações entre o total de óbitos e a população acima de 50 anos e de 60 anos de idade, ficando atrás apenas de Minas Gerais. O RS tem percentualmente a população mais idosa do país: “Por que aqui foi melhor? Tivemos alguma medidas de contenção bem fortes no começo, um sistema de saúde muito bom, que não colapsou como em Manaus. Mas cada número é uma vida. E dentro da tragédia, fomos melhores, perdemos menos”, avalia o epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Petry.

Os números divulgados integram uma etapa do levantamento organizado pelo Comitê de Dados do Governo do Estado no enfrentamento da Covid-19. Para a coordenadora do comitê, Leany Lemos, o comportamento do “excesso de óbitos” no RS evidencia que todo o esforço neste período alcançou resultados positivos. “No início da pandemia, o grande desafio era achatar a curva de novos casos da doença para que fosse possível avançar na estrutura de atendimento da saúde. Chegar no estágio atual e ver que nenhum paciente ficou sem atendimento em leito de UTI mostra que o Estado preservou vidas ao máximo diante da Covid-19 e cuidou bem das demais doenças”, destacou ela.


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