Ação da BM na Sefaz fugiu um pouco do controle, diz Secretário de Educação

Ação da BM na Sefaz fugiu um pouco do controle, diz Secretário de Educação

Luís Alcoba de Freitas confirmou que havia encaminhado acordo para que ocorresse desocupação voluntária

Bibiana Borba/Rádio Guaíba

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O secretário da Educação do Rio Grande do Sul reconheceu que a ação da Brigada Militar na desocupação do prédio da Secretaria da Fazenda, na última quarta-feira, fugiu ao controle da pasta. Em entrevista à Rádio Guaíba neste sábado, Luís Alcoba de Freitas confirmou que, ainda durante o protesto, havia encaminhado acordo com representantes dos manifestantes para que ocorresse uma desocupação voluntária. Eles eram recebidos por Alcoba em uma reunião que acontecia no Foro Central da Capital.

Apesar de não concordarem com o acordo firmado pelo governo com alunos representados por uniões estudantis, os dissidentes deixaram o local com a intenção de levar a proposta aos colegas que estavam na Sefaz. Segundo o secretário, no entanto, não houve tempo para que a secretaria informasse outros órgãos do governo, como a BM, sobre a tentativa de acordo.

“Nós estávamos, no mesmo momento da ocupação, fechando um acordo na vara processual com os estudantes que concordaram (em desocupar escolas) — ligados à Ubes, à Unes e Umespa. E o outro grupo também tinha alguns representantes lá, para quem oferecemos e apelamos até, naquela audiência: ‘corram lá, digam que estamos conversando e vamos acertar, saiam voluntariamente’. Mas não houve tempo suficiente. Aquele episódio fugiu um pouco do controle, não houve como fazer um diálogo para evitar. Porque sempre trabalhamos viu, e fomos incansáveis na tentativa de compatibilizar o direito à manifestação com o da educação”, afirmou.

Os estudantes que ocuparam a Sefaz reivindicavam uma reunião com o governador José Ivo Sartori, mas apenas a Brigada Militar tentou negociar no local. Diante da negativa dos manifestantes, o Comando afirmou ter sido necessário retirá-los à força. Além da prisão dos maiores de idade e apreensão de dezenas de menores, um jornalista e um cinegrafista que estavam no interior do edifício foram detidos. As imagens registradas pelos dois mostram adolescentes sendo arrastados pelos PMs e atingidos com spray de pimenta nos olhos. O Conselho Tutelar considerou a ação desproporcional, enquanto o governo, em nota, endossou as medidas tomadas pela BM.

O secretário da Educação ponderou que, após o acirramento dos conflitos durante a semana, o episódio deve ser usado como exemplo para “distensionar as mobilizações de professores e estudantes”. Alcoba acredita que foram abertos espaços para conciliação com os dois grupos, nos próximos dias. Os professores devem avaliar a primeira proposta do governo para possível encerramento da greve. Já os estudantes que se negaram a deixar escolas ocupadas têm nova reunião com a secretaria na próxima terça-feira.

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