A dura vida de quem vive nas ruas de Porto Alegre durante as madrugadas frias

A dura vida de quem vive nas ruas de Porto Alegre durante as madrugadas frias

Pessoas em situação de rua sentem ainda mais na pele os efeitos das baixíssimas temperaturas

Felipe Faleiro

Conforme a Prefeitura, há 2,5 mil pessoas em situação de rua na Capital

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Viver em situação de rua é algo que ninguém quer para si. O frio dos últimos dias faz, a quem pode, a população se abrigar em locais quentes. Mas, e quem não tem esta opção, e precisa muitas vezes recorrer às marquises, aos terminais, aos bancos de praça e às calçadas? Para elas, a sensação beira o desespero. Em Porto Alegre, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) estima 2,5 mil pessoas atualmente morando nas ruas, menos do que as cerca de 3,8 mil em 2020, e próximo das 2,7 mil estimadas em 2019.

No Terminal Parobé, no Centro Histórico, está uma destas histórias. A mulher, que não quis ser identificada, conta que tem 35 anos de idade e formação como analista de Recursos Humanos. “Até sei falar um pouco de inglês”, diz, com um largo sorriso. Segura uma garrafa com um líquido azul, e um copo de café descansa próximo. Seus pais faleceram e ela tem uma tia como família. Diz que as drogas a fizeram estar na situação que se encontra hoje. “Estou cansada”, relata.

Quer sair da rua, mas, por enquanto, vive com o grupo de “peregrinos”, como eles se denominam. “Também vendo bala e limpo vidros de carro”, diz ela, ao lado de dois outros homens, com quem compartilha os colchões, os cobertores e as vivências. Já recebeu as três doses disponíveis da vacina contra a Covid-19, mas diz que “morador de rua morre é de hipotermia”, revelando uma das grandes preocupações desta extensa, diversa e muitas vezes invisível população.

Na noite da última terça-feira, 620 pessoas em situação de rua foram atendidas na Capital. A rede municipal tem três albergues 12h, com capacidade somada de 240 pessoas, mais 13 pousadas, onde é possível ficar por 24 horas, os Centros POP, destinados ao atendimento diurno, e mais 60 espaços de pernoite no Ginásio Tesourinha, quando necessário. Há ainda as 12 equipes de Abordagem Social, que buscam encaminhar as pessoas até os espaços de acolhimento.

A mais recente pesquisa que mapeou a situação de rua dos adultos em Porto Alegre é datada de dezembro de 2016, e foi realizada por meio de uma parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com a Fasc. Na ocasião, foram contabilizadas 2.115 pessoas. No entanto, alguns anos mais tarde, a Prefeitura admitiu ser necessário um novo levantamento, já que este estaria com os dados defasados.

A quem recorrer

Rede de atendimento noturno (albergues 12h)

Albergue Dias da Cruz: Avenida Azenha, 366 - Azenha
Albergue Acolher 1: Rua Dr. João Simplício, 38 - Vila Jardim
Albergue Acolher 2: Rua 7 de Abril, 315 – Floresta

Central de Abordagem - atendimento 24h pelos telefones 3289-4994 ou pelo 156, opção 7

Rede de atendimento diurno

Os Centros POP têm atendimento social com equipe multidisciplinar para adultos, idosos e famílias em situação de rua. Disponibilizam oficinas, higiene pessoal e refeição, além de encaminhamento à rede de serviços municipais com cadastro ao sistema de benefícios.

Centro POP 1 – Santana: Avenida João Pessoa, 2384, Farroupilha 
Centro POP 2 – Floresta: Rua Gaspar Martins, 114/120, Floresta
Centro POP 3 – Navegantes: Avenida França, 496, Navegantes 
SCFV - Adultos Pop Rua - Ilê Mulher: Rua Santo Antônio, 64, Floresta

Restaurantes Populares – almoço

Centro: Rua Garibaldi, 461 (segunda-feira a domingo)
Vila Cruzeiro: Rua Dona Otília, 210 (segunda a sexta-feira)
Lomba do Pinheiro: Rua Cacimbas, 159 (segunda a sexta-feira)
Restinga: Estrada Chácara do Banco, 71 (segunda a sexta-feira)
Zona Norte: Rua Caetano Fulginiti, 95, Rubem Berta (segunda a sexta-feira)


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