Abraço coletivo nesta terça-feira marca um mês do incêndio no Museu Nacional

Abraço coletivo nesta terça-feira marca um mês do incêndio no Museu Nacional

Após a tragédia, esforço é para transformar em ações promessas de repasse de verba

Agência Brasil

A mais antiga instituição científica do País foi destruída pelo fogo

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Pesquisadores, servidores e amigos do Museu Nacional do Rio de Janeiro farão nesta terça-feira um abraço coletivo para marcar um mês do incêndio que destruiu o palácio e parte do acervo do local. O objetivo é somar forças em prol da mais antiga instituição científica do País, que completou 200 anos de fundação. O local é referência da memória científica, cultural e histórica do Brasil, além de um acervo de história natural, arqueologia e culturas indígenas e africanas. O Museu Nacional funcionava no palácio que foi residência da família imperial brasileira, na Quinta da Boa Vista, parque municipal da zona Norte do Rio.

Após a tragédia, o esforço é para transformar os anúncios do governo federal, Ministério da Educação e Ministério da Cultura em ações de recuperação e restauração. O MEC se comprometeu a repassar R$ 10 milhões à UFRJ para ações emergenciais. Do total, foram liberados R$ 8,9 milhões. Segundo o secretário executivo do MEC, Henrique Sartori, o valor pode aumentar para até R$ 12 milhões, "dependendo da necessidade da UFRJ", mas ainda não tem data para ocorrer.

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Acompanhando de perto as ações, com viagens constantes ao Rio e em reuniões do grupo formado para acompanhar a reconstrução, Henrique Sartori disse que os trabalhos estão na fase inicial. "Estamos aguardando a conclusão do inquérito da Polícia Federal (PF) que ainda está no Rio de Janeiro fazendo a perícia. Depois, começa o trabalho de rescaldo. Atualmente os pesquisadores ainda não conseguem executar totalmente tarefas de recuperação de acervo em função da presença da PF", afirmou o secretário. "Temos muito trabalho. Os primeiros passos foram dados e conseguiremos trabalhar de forma mais focada com a saída da PF."

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Ações

Os R$ 8,9 milhões já liberados deverão ser usados no escoramento estrutural do prédio, para evitar desabamentos e garantir a conclusão da perícia pela Polícia Federal. Também serão aplicados na cobertura provisória do museu (já que grande parte do telhado foi destruída) e no fechamento de esquadrias. A verba será usada ainda para a retirada dos escombros, que deve ser feita com cautela para separar, cuidadosamente, entulho e acervo. Esta é a etapa inicial das ações. Em seguida, há a implementação de um projeto executivo para a reconstrução do museu, incluindo um novo prédio.

A disposição é para mobilizar recursos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. Na etapa seguinte, haverá a recomposição do acervo. Em viagem à Europa, o ministro da Educação, Rossieli Soares, conversou sobre a necessidade de colaboração externa para a recomposição do acervo. Ele se reuniu com autoridades da França, Espanha e de Portugal. Nas conversas, os europeus se comprometeram a contribuir com ajuda técnica e também com peças. Segundo Sartori, essas colaborações ainda não chegaram porque a recuperação está no começo. A expectativa é de que nas próximas etapas as contribuições comecem a ser enviadas.

Oito dias após o incêndio, o presidente Michel Temer assinou duas medidas provisórias (MPs), uma delas autorizando a criação da Abram, que passará a administrar os 27 museus que estão sob responsabilidade do Ibram. A Abram também participará da reconstrução do Museu Nacional. A outra MP estabelece o marco regulatório para a captação de recursos privados, com a criação de Fundos Patrimoniais, que terá parte dos recursos voltada para a Abram e para a reconstrução do Museu Nacional. Ambas foram publicadas em 11 de setembro, no Diário Oficial da União, passando a vigorar. Porém, as medidas dependem de aprovação do Congresso Nacional para serem transformadas definitivamente em lei. O prazo para que isso ocorra é de no máximo 120 dias.

"Capacidade de fazer ciência"

O diretor do museu, Alexander Kellner, disse que há um esforço coletivo para recompor o acervo, dar continuidade às pesquisas e planejar a reconstrução da instituição que abriga seis importantes programas de pós-graduação. Ele informou que as aulas, defesas de teses e dissertações foram retomadas e a produção de conhecimento não parou. "O Museu Nacional perdeu parte de seu acervo, mas não perdeu a capacidade de criar conhecimento e fazer ciência", disse o diretor.

Kellner acrescentou que "os alunos estão defendendo suas teses e dissertações e, dentro desse contexto, estão gerando conhecimento. À medida que isso vai avançando, você coleta material, estuda e isso vai virando acervo. Isso nos dá a certeza de que vamos reconstruir o nosso acervo ao longo dos anos".


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