Advogado afirma ter sido agredido por seguranças do Foro Central

Advogado afirma ter sido agredido por seguranças do Foro Central

Homem disse ter entrado por engano no banheiro feminino e acabou retirado pelo pescoço, recebendo chutes nas canelas

Felipe Samuel

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Um advogado afirma ter sido agredido a pontapés por seguranças do Foro Central de Porto Alegre após entrar por engano no banheiro feminino, no prédio 1 da instituição. Jefferson Cardoso alega que um integrante da equipe de segurança o flagrou no local e perguntou se ele não sabia que o banheiro era feminino. Com a negativa de Cardoso, iniciaram-se as agressões. Segundo o advogado, depois de o pegar pelo pescoço e o empurrar, o homem ainda o chutou nas canelas e o levou para um local próximo aos elevadores do 5º andar. No local, pelo menos outros três seguranças ajudaram a imobilizá-lo diante de dezenas de pessoas que observavam a ação e gravavam a cena com aparelhos celulares.

Em meio aos gritos no corredor, uma juíza, que presidia um júri, deixou a sala onde ocorria o julgamento para verificar o que estava acontecendo. Ao analisar a situação, ela pediu que o advogado sentasse e se acalmasse. Investigador aposentado, Cardoso, de 56 anos, atribui as agressões que sofreu ao despreparo dos seguranças, que deram voz de prisão, e ao mal-entendido de ter entrado no banheiro feminino. “Eles disseram que estava preso. Falei que era advogado e estava trabalhando”, sustenta. Com registro da carteira da OAB, ele explica que foi ao Foro buscar informações sobre um processo. “Eu estava no banheiro feminino, entrei enganado, achei que estava no masculino. Quem nunca se enganou de banheiro? O Foro está em reforma e tudo muda de lugar.”

Cardoso afirma que a juíza garantiu que iria oficiar a equipe de segurança e informar o diretor do Foro, além de pedir as imagens do local e providências à Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas dos Advogados (CDAP) da OAB/RS. “Ela afastou os seguranças, me tratou com toda educação e me tirou daquele tumulto", disse.

Cardoso registrou ocorrência na 11ª DP e passou por exame de lesões corporais. Além de ficar com marcas nas canelas, ele ainda contabiliza o prejuízo de ter quebrado a haste dos óculos que ganhou do pai, falecido há dois meses. “É um prejuízo moral, físico, ético e profissional. É um desrespeito, pois eles sabiam que não estavam lidando com marginal, que eu não estava ali para estuprar ninguém."

O advogado suspeita que o fato de estar vestido de camiseta e calça jeans pode ter aumentado a desconfiança dos seguranças. “Não interessa o uniforme que eu estou vestindo, meu uniforme é a carteira da OAB”, afirma. Diretor de um escritório de advocacia em Porto Alegre e professor de Direito Penal e Processo Penal, Cardoso já entrou com representação criminal contra um segurança. E também pretende ingressar com outra ação criminal contra outros agressores que forem identificados nas imagens, além de mover ação cível por danos morais e materiais contra a empresa responsável pela segurança. Integrante da Comissão de Direitos Humanos e do Tribunal Ética e Disciplina da OAB por uma década, Cardoso afirma que o dia de ontem foi marcado pela solidariedade de amigos e colegas de profissão que lhe enviaram mensagens.

Em nota, o presidente do Conselho de Comunicação do TJRS, desembargador Túlio Martins, informa que o incidente começou quando uma senhora flagrou a presença de um homem dentro do banheiro feminino e pediu ajuda para um segurança. "A partir daí houve uma ação do Tribunal que será averiguada. Mas o fato começou com uma frequentadora do Foro pedindo ajuda para a segurança pelo motivo de que havia um homem dentro do banheiro feminino", finaliza a nota. A OAB-RS não se manifestou sobre o assunto.


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