Agências de turismo se reinventam para enfrentar a crise do coronavírus

Agências de turismo se reinventam para enfrentar a crise do coronavírus

Turismo perdeu R$ 11,96 bilhões em volume de receitas somente na segunda quinzena de março

Christian Bueller

Conforme dados da CNC, os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir 295 mil empregos formais até junho

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Setor diretamente impactado com a pandemia de Covid-19, o turismo perdeu R$ 11,96 bilhões em volume de receitas somente na segunda quinzena de março, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) – uma queda de 84% no faturamento em relação ao mesmo período de 2019. Agências de turismo de Porto Alegre precisaram se reinventar para continuar no mercado.

É o caso do estabelecimento gerido pelo empresário Rodrigo Simas, onde a demanda reduziu 95%. Pacotes precisaram ser remarcados ou cancelados. No período da quarentena, funcionários que tinham férias a vencer foram para casa. “Não precisei demitir, mas foi bem difícil. Já passamos por situações de países com terremotos, furacões e gripe aviária. Mas nada como essa pandemia, nunca tinha visto em 18 anos nesta área”, lembra. A agência de Simas passou boa parte da crise auxiliando pessoas que estavam no exterior com dificuldades para retornar. “Alguns compraram pacotes de viagem de forma virtual e não conseguiam informações. Pudemos ajudar”, conta Simas.

Segundo ele, uma nova modalidade encontrada pelas agências trouxe fôlego ao setor. “Vendemos combos com a passagem aérea e hotel, sem determinar datas ou destino específico, até abril de 2021. Depois de um mês do baque é que as cabeças começaram a pensar”, explica.

Em seu site, a Associação Brasileira de Agências de Viagens no RS (Abav-RS) reiterou às agências de viagens associadas “que tenham certo duas obrigações legais que lhe são inerentes: de informação e de assistência” aos clientes sobre respeito da viagem adquirida, “independentemente do destino, ou seja, se a parte aérea continua sem qualquer alteração, o mesmo em relação à parte terrestre com hospedagem e outros serviços adquiridos”. A entidade disponibilizou um e-book em suas redes sociais produzida pela Abav Nacional sobre deliberações do setor diante da crise.

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a perda do setor é histórica. “As atividades econômicas que compõem os setores representados pela entidade dependem da circulação de mercadorias e consumidores e, por isso, são os que apresentam maior potencial de impacto negativo”, afirma.

Conforme dados da CNC, os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir 295 mil empregos formais até junho. O setor de turismo vinha liderando o processo de recuperação econômica antes da crise, segundo a entidade, com expectativa para chegar a números positivos até o fim de ano, mas o cenário está descartado.


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