Alta nas hospitalizações deve levar Porto Alegre a restrições mais rígidas

Alta nas hospitalizações deve levar Porto Alegre a restrições mais rígidas

Com novo recorde nas internações em UTI, Capital pode voltar aos patamares de março

Correio do Povo / Gabriel Guedes

Porto Alegre pode voltar a tomar medidas mais rígidas para o distanciamento social, afirma Marchezan

publicidade

Nos últimos três dias, Porto Alegre saltou de 89 para 102 pacientes confirmados com a Covid-19 em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no sistema hospitalar da cidade. Com 78,36% de ocupação, existem ainda outros 26 suspeitos da doença internados. De acordo com o prefeito Nelson Marchezan, este crescimento é um dos principais indicadores para a Prefeitura, que admitiu cogitar restrições mais rígidas nos próximos dias.  

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nos últimos 15 dias, o aumento foi de 56 infectados tratados nas unidades de Saúde. Antes do avanço expressivo constatado nas últimas duas semanas, a Capital havia levado 78 dias para ultrapassar a marca de 50 casos de coronavírus em tratamento. 

De acordo com a SMS,  Porto Alegre registra 2.927 casos de coronavírus, 68 óbitos e 1.196 recuperados. 

Porto Alegre pode voltar a tomar medidas mais rígidas para o distanciamento social, afirma Marchezan

O crescimento na velocidade de internações e a alta na circulação de pessoas acendeu o alerta na Prefeitura de Porto Alegre, que já projeta novas restrições, as mesmas promovidas em março, quando a cidade estava no começo da pandemia.

Durante o pronunciamento do governador Eduardo Leite, no começo da noite desta segunda-feira o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior foi convidado a falar da situação em relação à Covid-19. Ao vivo, o prefeito anunciou medidas que prometem endurecer o distanciamento social na cidade, depois de expor alguns dados para ilustrar sua apreensão em relação ao quadro da Capital. Disse que pretende retroceder aos termos do decreto publicado em março quando, por exemplo, todos estabelecimentos comerciais não essenciais, independente do porte, e indústrias permaneceram fechados por pelo menos duas semanas.

Essa medida mais forte está sendo preparada por uma equipe de técnicos da administração municipal e poderá ser decretada ainda nesta semana, segundo Marchezan. Não há uma data precisa para que a determinação seja publicada no Diário Oficial do Município.

“Em Porto Alegre, a gente teve nos últimos 15 dias, um aumento considerável da demanda por leitos de UTI”, relatou o prefeito. De acordo com Marchezan, em uma colocação ratificada pelo governador, se a demanda de leitos na Região Metropolitana crescer como nas últimas duas semanas, quando praticamente dobrou, não haverá como atender a todos. “Não é falta de previsibilidade, nem falta de estrutura hospitalar”, defendeu o prefeito.

“A gente tentou nestas duas semanas, mesmo com prognóstico de ampliação rápida de demanda por leitos UTIs, evitar ao máximo aumentar as restrições econômicas. Mas é muito difícil para a população, sem uma política populacional restritiva, diminuir a necessidade de utilização dos coletivos, a abertura do comércio e a circulação das pessoas, que é por onde o vírus circula”, detalhou.

Depois de justificar, o prefeito sentenciou a medida. “Então, nós estamos anunciando, a partir de hoje, que vamos retomar medidas bastante parecidas àquelas do mês de março, que permitiu, somente em abril, suspender este aumento gradativo (de casos)”, afirmou. Conforme Marchezan, a medida se faz necessária também para poder atender aos pacientes do interior em alguns dos hospitais da Capital. “50 a 60% dos leitos de Porto Alegre não são de Porto Alegre”, frisou. 

O prefeito também agradeceu ao governador pelo espaço cedido e pela possibilidade de que alguns protocolos da bandeira vermelha possam ser resolvidos pelas alternativas restritivas já aplicadas pelos municípios. “Nosso adversário é o coronavírus e reconhecemos aqui a gravidade deste vírus. Precisamos controlar a circulação, ampliar o número de testes, de leitos e estruturas hospitalares”, concluiu.

Se velocidade se mantiver, projeções apontam sufocamento em julho

Em live no domingo, quando a cidade ainda registrava 94 infectados em UTI's, o prefeito Nelson Marchezan Júnior revelou projeções analisadas pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus caso os números continuem avançando.

Segundo a análise, considerando o crescimento durante o período do dia 2 de junho até o dia 21 do mesmo mês, em que a cidade saltou de 42 para 94 infectados em tratamento nas unidades de Saúde, se a velocidade se mantiver, no dia 20 de julho, a Capital estará com 400 leitos ocupados. 

O recorte também foi verificado considerando os últimos três dias, de 18 de junho até o último domingo. Nesta análise, a Capital, que saiu de 77 para 94, dobrará seus casos em 10 dias, o que indica o sistema de Saúde próximo ao "sufocamento" no dia 13 de julho.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895