ANTT aguarda notificação para se posicionar sobre retorno da Concepa para freeway

ANTT aguarda notificação para se posicionar sobre retorno da Concepa para freeway

Prazo de 48 horas ainda não começou a contar

Henrique Massaro

ANTT ainda não foi notificada sobre processo que devolve estradas para a Concepa

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Ainda não começou a contar o prazo de 48 horas que pode, depois de um mês e meio, definir o impasse nos trechos das BRs 290 e 116, que por mais de duas décadas foram administrados pela Triunfo Concepa. Depois do despacho da Justiça que definiu o período para que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) manifeste um posicionamento sobre o retorno dos espaços para a antiga concessionária, que exigiu a retomada em processo movido contra o governo federal devido investimentos realizados e que não estavam previstos no contrato. Representada pela Advocacia-Geral da União (AGU), a ANTT informou que aguarda ser notificada e que se pronunciará nos autos do processo. O período estabelecido passa a contar a partir da notificação.

Relembre, passo a passo, o impasse das rodovias:

No dia 3 de julho, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou o fim do contrato de administração dos trechos das BRs 290 (freeway) e 116 com a Triunfo Concepa, que administrou as rodovias por 21 anos. Desde então, sem uma empresa que se responsabilizasse pelos espaços, os pedágios de Gravataí, Santo Antônio da Patrulha e Eldorado do Sul estão com as cancelas abertas.

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O motivo, além da não renovação contratual, é que a Rodovia de Integração do Sul (RIS), que engloba quatro estradas federais no Estado – BR 101, 286, 448 e 290 – só deve ser leiloada no dia 1º de novembro deste ano e ter os trabalhos de uma nova concessionária em fevereiro de 2019. À época, a ANTT chegou a informar que uma renovação de contrato com a Concepa foi proposta, o que deixaria as rodovias com administração até os trabalhos da RIS começarem.

A articulação, no entanto, envolvia a diminuição do valor da tarifa e a empresa, conforme a Agência, não teve interesse. Logo em seguida do anúncio do fim do vínculo, a concessionária começou a realizar o desligamento de seu quadro de colaboradores. Aproximadamente 400 funcionários se despediram de seus trabalhos.

Devido a sua expertise, porém, um grupo menor de trabalhadores foi imediatamente contratado pela nova responsável por fazer o içamento do vão móvel da ponte do Guaíba, a HHTEC. Com o fim da relação de 21 anos, a ANTT informou que a manutenção da freeway e do trecho da 116 passaria para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Essa transferência de responsabilidades, contudo, significou a perda de diversos serviços que eram prestados pela concessionária, como resgate e guincho. Logo nos primeiros dias sem a Concepa, foi possível registrar incidentes envolvendo motoristas que, tendo que recorrer a seguradoras e outras empresas especializadas, demoraram horas para terem seus veículos removidos da rodovia.

A administração do Dnit também não deu conta de realizar os trabalhos de qualificação necessários nas estradas, como reparos em buracos. Apesar de informações iniciais dizendo que o Departamento tinha capacidade para assumir a administração, em seguida ficou claro, conforme o próprio órgão, que não havia condições de prestar os serviços.

Sem equipe própria para realizar a manutenção e a limpeza das rodovias, o Dnit então lançou um aviso de licitação, publicado no Diário Oficial da União no dia 25 de julho, para contratar uma empresa que assumisse a conservação da freeway enquanto não começassem as operações da Rodovia de Integração do Sul. A expectativa era de que a vencedora do processo pudesse começar os trabalhos dentro de um mês. Paralelo a tudo isso, uma possibilidade de a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) assumisse a 290 começou a ser negociada, sem nunca ter uma definição.

Em 7 de agosto, o nome da nova empresa foi conhecida. A LCM Construção e Comércio SA, de Minas Gerais, venceu o pregão eletrônico com uma proposta de R$ 79.086.884. O valor representava uma quantia 36,67% abaixo do que previa o edital, com orçamento de R$ 124 milhões de investimentos para dois anos de vigência. Um total 26 interessadas registraram proposta e 22 participaram efetivamente do processo. Enquanto ainda corre o prazo de anexação de documentos e de contestação por parte das outras concorrentes, a administração do trecho da BR 290 ganhou novo capítulo.

Logo no dia seguinte, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, deferiu um pedido da Triunfo Concepa para que o contrato de concessão para operação das BRs 290 e 116 fosse restabelecido. A decisão veio a público em 9 de agosto e a empresa já começava a contatar todo o seu quadro de funcionários para verificar o interesse em retornar aos seus cargos.

Na ação movida pela antiga concessionária exigia "recomposição do efeito da supressão dos valores de receitas comerciais alternativas da tarifa de pedágio" e citou, em comunicado a acionistas, investimentos realizados na modernização do vão móvel e na operação especial para uso do acostamento como faixa de tráfego adicional. Na data, a superintendência do Dnit/RS informou que continuava com o seu processo de licitação e que aguarda alguma sinalização por parte do governo federal.

Na noite de terça-feira, um despacho da da juíza federal substituta da 9ª Vara Federal de Brasília, Liviane Kelly Soares Vasconcelos, determinou que a ANTT deveria se manifestar posição sobre o comando dos trechos para a Concepa em um prazo de 48 horas. Na manhã desta quinta-feira, a ANTT, em nota, deu a entender ainda não ter sido notificada.

"A Procuradoria Federal da AGU - que representa a Agência juridicamente - junto à ANTT, se manifestará nos autos do processo quando notificada. Esse assunto é de extrema importância e é tratado como prioridade na ANTT", diz o comunicado.

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