Aparelhamento do MST explica declínio defende ministro da Defesa

Aparelhamento do MST explica declínio defende ministro da Defesa

Para Raul Jungmann, movimento demonstra "fraqueza" com as manifestações atuais

AE

Para Raul Jungmann, movimento demonstra "fraqueza" com as manifestações atuais

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A queda no número das invasões de propriedades pelo Movimento Sem Terra (MST) é, para o ministro da Defesa, Raul Jungmann, explicada pela conjunção de três fatores: o grupo deixou de ser “novidade”, foi “aparelhado” pelo PT e passou a ser “chapa-branca”. Jungmann fala com a experiência de quem, à frente do Incra (1996-1999) e ministro do Desenvolvimento Agrário (1999-2002), enfrentou a “era de ouro” do movimento. Para o ministro da Defesa, não “há a menor chance” de haver, hoje, o reflexo político registrado pelas ações do MST no passado.

“O contexto histórico mudou. O MST também mudou”, disse Jungmann. Para ele, “o MST nunca foi um movimento de massas”. “O MST pode até fazer uma manifestação aqui, outra lá, mas o que esse tipo de ação revela mais é uma situação de fraqueza. Não vai reproduzir aquele contexto dos anos 1990”, disse o ministro da Defesa.

MST reduz invasões em 83% e mira em prédios públicos

Durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, a política, segundo Jungmann, ajudou a manter o MST e a aumentar o seu poder de capilaridade e mobilização.

As barracas de lonas pretas e as bandeiras vermelhas fincadas à beira de estradas rurais pelo País evidenciavam o tamanho do fenômeno. A tensão no campo era retratada nas telas da TV e grupos religiosos apoiavam a política de invasões. O Brasil vivia uma disputa fundiária agravada pela decisão do movimento de enfrentar a questão com invasões sistemáticas de áreas que, alegavam, improdutivas. Em reação ao aumento de tensão no campo, fazendeiros e proprietários rurais se uniram e criaram a União Democrática Rural (UDR).

A consolidação dos dois grupos agravou as disputas, gerando o aumento de violência no campo. O clima desembocou na tragédia ocorrida em Eldorado dos Carajás, no interior do Pará, em abril de 1996, quando 22 pessoas foram mortas e quase 70 ficaram feridas. Depois de tomar parte da Fazenda Macaxeira, um mês antes, um grupo de sem-terra foi morto durante um confronto com a Polícia Militar na estrada.

Jungmann era presidente do Incra na época e, no auge da crise, foi chamado por FHC para assumir o então recém-criado Ministério Extraordinário do Desenvolvimento Agrário. “O MST era o aríete para arranhar, erodir, a imagem do governo”, explicou o ministro, lembrando que o conflito pela terra era a pauta do dia.

O atual ministro da Defesa afirmou que, naqueles dias, “o MST foi instrumentalizado pelo PT”. Ele afirmou que Carajás “deflagrou uma onda de apoio nacional e internacional ao movimento”. Porém, emendou: “Hoje não é mais assim”. De acordo com Jungmann, “a reforma agrária não é mais um tema colocado na agenda do País e o MST não tem mais a ressonância que teve.”

Assassinatos

Segundo números da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os assassinatos voltaram a crescer no campo, passando de 36 casos em 2014 para 61 mortes em 2016. O Estado com o maior número de homicídios, segundo a CTP, é o Pará.

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