Ato reúne rodoviários contra possível atraso de salários em Porto Alegre

Ato reúne rodoviários contra possível atraso de salários em Porto Alegre

Manifestação foi realizada por trabalhadores da empresa Sudeste e pelo sindicato da categoria

André Malinoski

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Os funcionários da empresa de ônibus Sudeste e o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Porto Alegre (Stetpoa) promoveram mobilização pacífica nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira em frente ao portão da empresa, no bairro São José, na Zona Leste da Capital. As motivações para o protesto estavam balizadas na possibilidade de parcelamento de vencimentos e do 13º salário, caso a prefeitura não efetue determinados repasses aguardados pelos empresários. Além disso, informações enviadas pelo aplicativo operacional da empresa têm sido vistas pelos trabalhadores como “ameaças” aos seus direitos trabalhistas. 

“Estamos há uma semana tentando reunião com o prefeito. A bancada aliada da prefeitura conseguiu tirar os cobradores dos ônibus. Ainda não mostraram nada para a categoria sobre os cursos de qualificação desses cobradores, para serem aproveitados em outras áreas. Iniciamos a negociação salarial e os empresários alegam que a prefeitura deve dinheiro, e no meio disso está o trabalhador”, explica o presidente do Stetpoa, Sandro Abbáde, que participou do ato com uma bandeira do sindicato enrolada às costas. “Nada está atrasado até aqui”, reconhece o dirigente. O valor do vale-alimentação também havia entrado na conta dos trabalhadores.

Cerca de 30 pessoas participaram da mobilização, que teve início às 4h30min da manhã. Cinco grandes bandeiras do sindicato foram agitadas por sindicalistas, três amarelas e duas brancas. Uma faixa ficou estendida no outro lado da rua da sede da empresa Sudeste. Os funcionários paravam para conversar e dar apoio ao ato, alguns aproveitaram para tomar o café da manhã improvisado. Houve distribuição de panfletos para os ônibus que deixavam a garagem. Todos os veículos circularam normalmente e não foram impedidos de saírem para as ruas. O panfleto dizia “Nem parcelamento, nem atraso de salário! Empresas e prefeito querem massacrar o trabalhador rodoviário.” Pouco depois das 5h chegaram uma viatura da Brigada Militar e outra da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

Com o auxílio de um alto-falante os sindicalistas mandavam recados para os patrões: “O sindicato não vai aceitar parcelamento de salário e de 13º. Vamos parar Porto Alegre”. Uma assembleia no dia 5 deverá definir se haverá ou não uma paralisação da categoria na cidade. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Alessandro Ávila, destacou que “houve um boato sobre o parcelamento dos salários e a entidade tem que brigar contra essa possibilidade.”

O rodoviário aposentado Lindomar Madeira, que atuou por 40 anos como motorista de ônibus e sempre acompanha o sindicato nas manifestações, acredita que o ato funcione como incentivo aos demais trabalhadores da categoria. “Os rodoviários estão tensos desde o começo da pandemia. Se os empresários quiserem ‘pedalar’ o 13º salário, vamos paralisar”, garantiu. Nem todos os presentes apoiavam a iniciativa. “Esta mobilização é teatro. O sindicato não avisou as lideranças da garagem sobre a mobilização. Ninguém quer ter o salário parcelado, mas não queremos enriquecer o empresário”, afirmou Leandro Piedade Rosa, funcionário da Sudeste e delegado sindical. “A verdade é uma só: estamos cansados de teatro”, criticou ao lado de alguns colegas.

O Stetpoa enviou ofício ao prefeito Sebastião Melo na semana passada em que solicitava uma reunião entre representantes dos trabalhadores e o Poder Executivo, o que não foi aceito pelo governista. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) informou nessa quinta-feira que os técnicos da EPTC e da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATPPOA) avaliavam a possibilidade de um novo subsídio. Caso aconteça, o pagamento será efetuado nos primeiros dias do mês. A Sudeste atende linhas importantes da Capital como Bonsucesso, Pinheiro, Santa Maria e Alameda, entre outras. 

 

 

Ato reuniu trabalhadores da empresa Sudeste / Foto: Alina Souza 

 

 

 


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