Aumento de estiagem não precisa se refletir em maior crise hídrica, afirmam especialistas

Aumento de estiagem não precisa se refletir em maior crise hídrica, afirmam especialistas

Painel indicou formas de gerenciar recursos para evitar faltas de abastecimento de água

Agência Brasil

Painel indicou formas de gerenciar recursos para evitar faltas de abastecimento de água

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As mudanças climáticas em curso no planeta devem alterar de forma significativa a frequência de chuvas e impactar nos sistemas de abastecimento de água, mas o acesso da população a esse bem fundamental vai depender de como a sociedade desenvolve suas políticas públicas para o setor. Esta foi a principal conclusão do debate Planeta Água, promovido pela Fundação Banco do Brasil, nesta sexta-feira.

O debate é parte da programação da mostra de cinema Planeta Água, que exibe até domingo uma série de filmes que traçam um painel do pensamento mundial sobre a situação da água. O evento também antecipa os temas que estarão em discussão no 8º Fórum Mundial da Água, que começa domingo e vai até o dia 23 deste mês.

Para discutir o assunto, foram convidados o ambientalista Sérgio Basserman, membro do Conselho Diretor da WWF Brasil e atual presidente do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, o filósofo Naidisson de Quintella Baptista, coordenador nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), e Joaquim Gondim, especialista em Recursos Hídricos e superintendente de Operações e Eventos da Agência Nacional das Águas (ANA).

"Todos os estudos relacionados às mudanças climáticas vão na direção de dizer que as secas serão mais frequentes e intensas, e as enchentes também mais frequentes e intensas. A estiagem, portanto, vai continuar existindo. A transformação dessa seca em uma crise é que depende de como a sociedade vai enfrentar esses extremos", disse Joaquim Gondim.

Para Gondim, será preciso garantir que o planejamento seja cumprido. "Tem que ter mais resiliência. Se tiver uma previsão de construir uma nova estação de tratamento, ou trazer um manancial, e isso não for feito, ficaremos mais vulneráveis", acrescenta.

Segundo Sérgio Besserman, do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, o aumento da temperatura da Terra vai deslocar as chuvas, que não cairão mais nos mesmos lugares. "Nesses outros lugares as chuvas não serão recolhidas com a mesma eficiência para os reservatórios e rios que abastecem a população", observou.

Frente a essa circunstância, o ambientalista propõe ênfase na melhoria do saneamento básico das cidades. "Temos que começar a pensar em tratar a água e reutilizá-la para agricultura, para lavagem nas cidades, para diversos outros usos. Em algumas estações de tratamento de vanguarda no mundo, a água, depois de tratada, é mais limpa e saudável do que a água distribuída para as pessoas. Por quê não tratar a água de esgoto e reabastecer os aquíferos com ela?", propõe Besserman, ao lembrar que saneamento básico ainda traz outras "externalidades" positivas, como a melhoria da saúde da população em geral, que gera economia de recursos públicos.

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