Barragens interditadas pela ANM no Rio Grande do Sul estavam fora de operação

Barragens interditadas pela ANM no Rio Grande do Sul estavam fora de operação

Empresas responsáveis pelas barragens CBC e P1-1 não apresentaram documentação dentro do prazo

Eric Raupp

Complexo em Minas do Leão deixou de funcionar por questões econômicas

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As duas barragens gaúchas interditadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) por não apresentarem a Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) dentro do prazo, 31 de março, já estavam fora de uso. A barragem da Companhia Brasileira do Cobre (CBC), em Caçapava do Sul, foi desativada em 1996, quando a companhia encerrou seus 13 anos trabalhos na localidade de Minas do Camaquã. Já a P1-1, em Minas do Leão, pertencente à Companhia Riograndense de Mineração (CRM), não opera desde o ano passado, conforme o diretor-presidente da empresa, Aldo Meneguzzi Junior.

“Operamos na mina desde o final dos anos 1970, onde construímos um lavrador e ele utilizava bacias de sedimentação, onde os sólidos finos de carvão ficavam retidos. Mas este local se mostrou nos últimos tempos inviável economicamente. Desde o último ano está paralisada. Por isso, essa determinação não nos trará prejuízos”, explicou o presidente. Meneguzzi também afirmou que os documentos deveriam ser entregues digitalmente até o último domingo. “Não conseguimos fazer todos os uploads por razões técnicas. Entramos em contato com a ANM, mas não obtivemos respostas. No primeiro dia útil de abril protocolamos via correio e fomos brindados com essa interdição”, disse.

O DCE, assinado pelo empreendedor e pelo responsável técnico que o elaborou, atesta a condição de estabilidade da estrutura em análise e é exigido para todas as estruturas de contenção de sedimentos e de rejeitos de mineração que se enquadram na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). De acordo com Meneguzzi, novos dados serão protocolados, mas ele garante que a barragem em questão “é pequena em volume, localizada numa zona que não tem nenhuma área de preservação ambiental e nenhuma habitação”, o que minimiza perigos. “Um eventual colapso, o que é difícil, não traria nenhum risco.”

Barragem da CBC

Desativada, a barragem da Companhia Brasileira do Cobre se encontra na comunidade de Minas do Camaquã, distrito de Caçapava do Sul. A CBC operou o local de 1983 a 1996, produzindo cerca de 1,4 milhão de minério de cobre ao ano e estima-se que a quantidade de rejeito lançada tenha sido de 17,7 milhões de toneladas ao longo do seu período de funcionamento. Em 19 de março de 2019, a Comissão Permanente de Assessoramento do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã realizou reunião para debater o não-atendimento das medidas de segurança da antiga operação.

A comissão recomendou o envio de consulta ao Ministério Público Federal referente à responsabilização e obrigação de ações preventivas a fim de evitar um possível rompimento a contaminar as águas do rio Camaquã, por meio de um de seus afluentes, o arroio João Dias, próximo ao reservatório. Segundo o grupo, foi acordada a pauta da próxima reunião ordinária, a ser realizada dia 30 de abril, em Pinheiro Machado, para que haja a apresentação, discussão e deliberação em relação ao tema.

De acordo com a ANM, caso os mineradores possuam outra barragem com DCE válido, as estruturas podem continuar com suas operações normais. Se a barragem interditada permanecer em operação, a ANM tomará outras providências cabíveis, inclusive podendo até interditar todo empreendimento. “E mesmo com a barragem interditada, qualquer ação de melhoria para elevar o seu fator de segurança e estabilidade, poderá ocorrer normalmente, entretanto cabe ao minerador e órgão ambiental deliberar se a intervenção necessita de licenciamento ambiental”, afirma a autarquia em nota técnica.


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