Bombeiros que morreram em incêndio no prédio da Secretaria da Segurança do RS recebem homenagem

Bombeiros que morreram em incêndio no prédio da Secretaria da Segurança do RS recebem homenagem

Dois profissionais perderam a vida enquanto combatiam o fogo

Taís Teixeira

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Um ano de ausência de dois profissionais que deram a vida por dever e por amor. A lembrança de 14 de julho de 2021 representa tristeza para os bombeiros militares do Rio Grande do Sul. Nesta quinta-feira, completou um ano da morte do 1° Tenente Deroci de Almeida da Costa, com 22 anos de serviço, e do 2° Sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, há 31 anos na corporação. Eles morreram soterrados enquanto combatiam o fogo no prédio da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, que ficava  na Voluntários da Pátria, próximo da Estação Rodoviária da Capital. A corporação se reuniu em uma cerimônia religiosa para homenagear novamente os dois colegas. Cerca de 200 bombeiros estavam presentes, além das viúvas, filhos, irmãos, pais e amigos. 

O semblante de muitos colegas  e dos familiares expressava a saudade do momento. Todos estavam reservados e se mantiveram em silêncio. O comandante-geral do Comando de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), coronel Luiz Carlos Neves Soares Júnior, contou que essa tragédia fragilizou toda a corporação. “O falecimento desses bombeiros  foi o fato mais emblemático que aconteceu para a corporação”, destacou. O comandante contou que  teve a oportunidade de trabalhar com os dois e afirmou que se perdeu “valorosos bombeiros, merecedores desta homenagem”. 

Atualmente, o 1º Tenente Almeida estava lotado no 1º Batalhão de Bombeiros e o 2º sargento Munhoz atuava no  Departamento de Logística e Patrimônio. O coronel disse que ambos já tinham atuado em muitos incêndios em Porto Alegre e conquistado a admiração dos demais. “O Tenente Almeida  tinha um respeito muito grande dos seus subordinados, ele era uma pessoa extremamente séria e cumpridora de todos os deveres, qualquer tarefa que se desse a ele, ele cumpria com extrema agilidade”, lembrou.  Ele também comentou sobre o 2º sargento. "Era aquela pessoa que praticamente estava sempre no quartel.No outro dia ele estaria de folga, e ele estava no quartel. Era realmente um apaixonado”, enfatizou.

O governador Ranolfo Vieira Júnior, que na época do ocorrido era secretário de Segurança Pública do RS, solidarizou-se à corporação e aos amigos e familiares das vítimas, relatando que esse era um momento que ninguém gostaria de estar passando. “É o falecimento de dois heróis que infelizmente foram vitimados naquela tragédia e eu, como governador do Rio Grande do Sul, não poderia deixar de vir e prestar  essa homenagem aos familiares do Tenente Almeida , do Sargento Munhoz e a todo o efetivo do  Corpo de Bombeiros Militar”, assinalou. O governador  também reforçou o comprometimento de ambos. “Eles  não estavam de serviço nesse dia e na missão de salvar vidas foram e acabaram tendo esse desfecho muito trágico”, mencionou.

“Eu não sei nem o que falar”

“É muita falta. Não existe uma palavra para explicar”. Em meio a um misto de tristeza e orgulho do 1º Tenente  Deroci de Almeida da Costa, a mãe do bombeiro, Nilza Almeida de Almeida, também lamenta a perda do filho “Deco”, como era carinhosamente chamado.  Mesmo após um ano, ela ainda não consegue acreditar no que aconteceu. “Ele era muito presente na minha vida, parece que ele vai aparecer a qualquer momento”, lamenta. A mãe relata a perda do primeiro dos três filhos. “Era  amoroso e presente”, disse. No dia em que soube da tragédia, ela conta que estava no sítio quando o seu marido viu que havia um incêndio de grandes proporções em Porto Alegre. “Pensei em ligar para o Deco, mas ele poderia estar dormindo e acordar preocupado vendo a ligação do sítio”, disse. Mais tarde, a filha ligou dando a pior notícia que recebeu na vida. “Só tenho lembranças boas dele”, disse. 

Um dia antes de completar um ano do acidente, o governo estadual anunciou a construção da nova sede da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS) até 2025. A proposta utiliza um projeto já em desenvolvimento desde 2021 pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), que compartilhará as dependências no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), e utilizará o terreno da antiga sede como permuta.

 


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