Cápsula Dragon da Spacex é lançada com sucesso rumo à ISS

Cápsula Dragon da Spacex é lançada com sucesso rumo à ISS

Foguete Falcon 9 deve preparar o caminho para a retomada dos voos tripulados a partir dos Estados Unidos

AFP

Foguete Falcon 9 decolou sem incidentes do Centro Espacial Kennedy

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A SpaceX lançou, neste sábado (2), a cápsula Crew Dragon para uma missão de teste de vários dias que deve preparar o caminho para a retomada dos voos tripulados a partir dos Estados Unidos, oito anos após a aposentadoria dos ônibus espaciais da Nasa. Um foguete Falcon 9, da empresa fundada por Elon Musk em 2002, decolou sem incidentes do Centro Espacial Kennedy, iluminando Cabo Canaveral com seus nove motores, na madrugada deste sábado.

A primeira parte e depois a segunda se desprenderam sem incidentes, colocando a Dragon e seu passageiro - um boneco chamado Ripley - na órbita da Terra cerca de 11 minutos após a decolagem, em direção à Estação Espacial Internacional (ISS), a 400 km altitude. Gritos de alegria comemoraram cada estágio bem-sucedido do lançamento.

"Estou um pouco exausto psicologicamente", disse Elon Musk, uma hora depois, em uma entrevista coletiva a alguns quilômetros do campo de lançamento. "Foi muito estressante, mas funcionou, pelo menos até agora". "Levamos 17 anos para chegar a esse ponto", declarou Musk, obcecado por voos tripulados desde o início de sua empresa. "Ainda não lançamos ninguém, mas vamos, espero este ano", acrescentou.

A missão de teste, que está três anos atrasada em relação ao cronograma original, é um ensaio das condições reais para o próximo voo, que terá dois astronautas a bordo. A data oficial é julho, mas pode ser adiada. As próximas etapas mais difíceis serão a atracagem na ISS, no domingo, às 11h05 GMT (08h05 de Brasília), e o mergulho na atmosfera para retornar à Terra na próxima sexta-feira.

Os engenheiros da SpaceX e da NASA querem garantir que o veículo seja confiável e seguro para os seres humanos. Eles também querem verificar se os quatro paraquedas, já testados muitas vezes, retardarão a queda no Atlântico. Os sensores ligados a Ripley, o modelo nomeado em homenagem à heroína dos filmes Alien, vão medir as forças exercidas sobre os futuros passageiros. Mas o início bem sucedidos da missão foi sentido com alívio.

Na conferência de imprensa, Elon Musk virou-se para os dois astronautas que voarão na Dragon na próxima vez, perguntando-lhes: "Vocês acham que é um bom veículo?" Ambos assentiram. "Ver o sucesso como este nos dá confiança para o futuro", disse um deles, Bob Behnken. Além disso, a SpaceX conseguiu, pela 35ª vez, recuperar o primeiro andar de um foguete, que pousou suavemente em uma plataforma autônoma no Atlântico, a 500 km da costa - um pequeno ponto brilhante quebrando o céu negro em sua descida, visível de Cabo Canaveral.

Cápsula da Boeing

"Este dia representa uma nova era dos voos espaciais", disse Jim Bridenstine, administrador da Nasa, que considera o primeiro passo na "privatização" da órbita baixa da Terra. Agora, segundo ele, a Nasa não vai mais se arruinar para construir foguetes ou naves, mas vai pagar por esse serviço, reduzindo seus custos de acesso à ISS, enquanto quer dedicar mais investimentos a um retorno à Lua na próxima década. Desde 2010, a NASA pagou mais de US$ 3 bilhões em contratos com a SpaceX para desenvolver este serviço de táxi, e US$ 4,8 bilhões para o grupo Boeing, que está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner (teste programado para abril). Cada uma terá que fazer seis viagens de ida e volta à ISS, sem contar os testes. Os grandes contratos são de 2014.

A SpaceX ocupa, desde 2014, a lendária plataforma de lançamento No. 39A do Kennedy Center, de onde partiram as missões Apollo para a Lua, e numerosos ônibus espaciais durante seus trinta anos de serviço. Desde 2011, os astronautas vão para a ISS a bordo dos foguetes russos Soyuz. Eles devem aprender russo e treinar na Rússia. Para a SpaceX, que tem garantido o abastecimento da Estação Espacial desde 2012, conseguir enviar astronautas à órbita seria uma consagração. Mas, por precaução, no caso de nem a SpaceX nem a Boeing estarem prontas antes do final do ano, a NASA já reservou dois assentos na Soyuz para garantir o acesso à ISS até 2020.


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