Cachorro abandonado mobiliza moradores de bairro da Capital

Cachorro abandonado mobiliza moradores de bairro da Capital

Animal está abrigado no pátio de uma casa no Menino Deus enquanto aguarda adoção

Karina Reif / Correio do Povo

Moradores cuidam do animal

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Um cachorro abandonado no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, tem mobilizado os moradores da esquina da avenida Bastian com a rua Múcio Teixeira, onde o cão está abrigado no pátio de uma casa. Um vigilante que trabalha na região viu quando o ocupante de um Vectra abriu a porta do carro e abandonou o animal no dia 9 dezembro. Desde então, os moradores já entraram em contato com as autoridades e não sabem o que fazer. Apelidado de Pretinho e de Tinga, o bicho é alimentado e tratado pelas pessoas que residem nas proximidades.

“Ele ficou no mesmo lugar em que foi deixado. Parece que está esperando pelo retorno do dono”, contou a dona de casa Lúcia Thomas, 50, que visita o cachorro quase diariamente. O cão ficou perambulando e chama a atenção de quem passa ou trabalha na região. Um dos lugares em que Pretinho entrava antes de se fixar no pátio do imóvel de esquina da avenida Bastian, era o escritório de advocacia em que trabalha a recepcionista Liege Brito, 22. “Dávamos água para ele”, relatou ela, enquanto fazia um afago no animal.

No dia do abandono, o advogado Nielon José Meirelles Escouto, 73, telefonou para o 156, da prefeitura de Porto Alegre. “Até agora ninguém veio”, lamentou o dono da casa onde o cachorro, de médio porte e com a pelagem preta, está abrigado.

A resposta da administração municipal é de que não há um local específico para abrigar animais abandonados. “A prefeitura não dispõe e não disporá de um local, porque se houvesse esse serviço de recolhimento de animais seria uma forma de incentivar o descarte”, afirmou a primeira-dama e titular da Secretaria Especial dos Direitos Animais, Regina Becker. Segundo ela, os municípios que adotaram canil e gatil receberam, em poucos meses, mais de dois mil animais. “O poder público não tem como fazer uma previsão orçamentária para esta finalidade”, atestou. Para Regina, a solução é que alguém adote o animal. “É isso que tem ocorrido. As pessoas ficam sensibilizadas”, disse.

O caso lembra a história do cão Samuka, retratada pelo Correio do Povo. Ele transformou o pátio do Hospital de Caridade de São Pedro do Sul em moradia em agosto do ano passado. O cachorro seguiu uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), deslocada até a rua Coronel Scherer para socorrer seu dono, um idoso que morava sozinho e passava mal. O homem morreu e o animal permaneceu no local até ser adotado pela advogada Luiza Comassetto, que se comoveu o drama do animal.

Os moradores do bairro Menino Deus não têm outra alternativa, a não ser esperar que o mesmo ocorra com o cachorro preto que surgiu na região. De certa forma, ele já foi adotado por todos e é bem tratado por um grupo de vizinhos. O bicho já foi levado a uma petshop para tomar e banho e escovar o pelo.


Cão abandonado está abrigado no pátio de uma casa no bairro Menino Deus, em Porto Alegre / Foto: Bruno Alencastro

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