Caminhada pelo Dia da Mulher em Porto Alegre protesta contra retirada de direitos

Caminhada pelo Dia da Mulher em Porto Alegre protesta contra retirada de direitos

Ao menos 600 pessoas ligadas ao MST e movimentos femininos participaram de manifestação

Correio do Povo

Caminhada pelo Dia da Mulher em Porto Alegre protesta contra retirada de direitos

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* Com informações do repórter Cláudio Isaías


As mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina realizaram uma manifestação em Porto Alegre em homenagem ao Dia Internacional da Mulher e contra a retirada de direitos sociais. O grupo se concentrou próximo da Estação Rodoviária, por volta das 8h, antes de percorrer diversos trechos da região central da cidade. A caminhada  durou cerca de uma hora pelas ruas da Capital e reuniu mais de 700 pessoas que criticaram a violência contra a mulher, a reforma da Previdência e a Trabalhista e os governos do presidente da República, Michel Temer, do governador José Ivo Sartori e do prefeito Nelson Marchezan Júnior.

Durante a caminhada pela avenida Mauá, as mulheres exibiam diversas faixas de movimentos feministas e políticos. Além de cartazes pedindo o fim da violência doméstica e a legalização do aborto, algumas faixas queriam o retorno da ex-presidente da República, Dilma Rousseff. O protesto das mulheres bloqueou totalmente a avenida Mauá o que resultou em trânsito lento e muito congestionado em diversos pontos da cidade, como a avenida da Legalidade e da Democracia, Túnel da Conceição e avenida Osvaldo Aranha, no sentido bairro/Centro. As três pistas da avenida Mauá, que foram ocupadas pelos manifestantes, foram liberadas, somente às 9h25min para a circulação dos veículos e ônibus.


Em seguida, os manifestantes protestaram na frente da prefeitura de Porto Alegre onde pediram a saída do prefeito Nelson Marchezan Júnior. Ele foi chamado de "vampirão neoliberalista" e acusado pelos manifestantes de querer privatizar empresas como a Carris, o Dmae e a Procempa. No cruzamento da avenida Borges de Medeiros com a rua Sete de Setembro, um grupo de militantes realizou um ato para denunciar a violência contra a mulher. No asfalto, elas escreveram que 871 feminicídios ocorreram no Brasil no período de 1º de janeiro a 7 de março de 2018. Em seguida, as mulheres, sempre acompanhadas pela Brigada Militar e pelos agentes da EPTC, seguiram com a manifestação pela avenida Borges de Medeiros e pela rua Jerônimo Coelho. Elas chegaram ao Palácio Piratini por volta das 10h. Um forte esquema de segurança foi montado no local pela Brigada Militar, com a presença do Pelotão de Operações Especiais do 9º BPM e da Cavalaria, para impedir a uma possível ocupação da sede do governo estadual. Depois do protesto na Praça da Matriz, as mulheres decidiram se dirigir até a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF 4), na rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, no bairro Praia de Belas, contra a criminalização dos movimentos sociais, a seletividade da justiça brasileira e o auxílio-moradia do juízes.  No entanto, a Brigada Militar não permitiu que os manifestantes chegassem até a frente do tribunal. Como foram impedidos de protestar na frente do TRF 4, a direção do MST decidiu montar acampamento e almoçar no Parque da Harmonia.

Sílvia Marques, uma das coordenadoras nacionais do MST, disse que o Dia Internacional da Mulher é um momento de reafirmação do processo de luta e resistência das mulheres  camponesas e urbanas em defesa da soberania do país e em defesa da classe trabalhadora. "O dia é muito especial porque aqui têm homens e mulheres que estão na luta por um país melhor. O dia 8 de março é um marco histórico e seguiremos com a resistência até conquistarmos todos os direitos”, ressaltou.

Já a diretora do Simpa, Luciane Pereira, afirmou que o Brasil vive hoje um grande retrocesso com ataques por parte do governo federal aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. A vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RS), Silvana Conti, ressaltou que as mulheres realizam a luta em defesa da democracia, da soberania e dos direitos da mulher desde a Marcha das Margaridas e da Marcha das Mulheres Negras.

"O 8 de março representa que as mulheres precisam estar em espaços de poder e tem que ter o nosso trabalho valorizado. Estamos na rua porque as reformas da Previdência e Trabalhista atingem diretamente as mulheres negras e as trabalhadoras rurais", acrescentou. 


Caminhada tomou avenida Mauá no Centro de Porto Alegre / Foto: Guilherme Testa 
 

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