Carreata em Porto Alegre conscientiza no Dia de Incentivo à Doação de Órgãos

Carreata em Porto Alegre conscientiza no Dia de Incentivo à Doação de Órgãos

Grupo levou balões na cor verde que representam a campanha em setembro

Christian Bueller

Cerca de 20 carros percorreram as ruas para conscientizar

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Uma carreata de conscientização marcou o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, neste domingo em Porto Alegre. A manifestação coloriu ruas da cidade com balões usando a cor do Setembro Verde, que simboliza a campanha. Mesmo com a chuva matutina, cerca de 20 veículos participaram do ato, que saiu da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, na avenida Independência e terminou no Parque Marinha do Brasil.

Em março de 2020, de acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, 37.818 pessoas ocupavam a fila de espera por um órgão, das quais, 628 eram crianças. Somente no Rio Grande do Sul, são 1852 pessoas na fila de espera, 39 crianças. O cenário preocupante moveu Adriana Teles, transplantada de um rim há um ano e dois meses, a ser uma das organizadoras o evento. A ideia da carreata veio por conta da necessidade do isolamento e a imunidade de quem já recebeu ou ainda espera por um órgão. “Não podemos estar na rua ou fazer passeatas, mas desta forma, poderíamos divulgar a causa e homenagear às famílias que perderam seus entes queridos que estavam na fila e não chegaram a transplantar”, lembra Adriana.

A carreata passou pela rua Sarmento Leite e avenidas Osvaldo Aranha, Protásio Alves, Tarso Dutra, Salvador França, Ipiranga e Borges de Medeiros, para salientar às pessoas o quanto a doação de órgãos é importante, segundo Adriana. “Temos que avisar as famílias disso, porque se não autorizam, o transplante não acontece e o tempo é para nós é precioso”. Com este ato, uma pessoa pode salvar até oito vidas. “A qualidade de vida de quem recebe um órgão é outra. Estou até treinando para participar da maratona de transplantados. A segunda chance é espetacular”, conta, emocionada.

Em 2003, a educadora física Liège Gautério, a outra organizadora do evento, foi diagnosticada com fibrosepulmonar, uma doença progressiva e sem tratamento que causa fadiga e cansaço aos mínimos esforços. Com a evolução da doença entrou lista de espera para transplante pulmonar na Santa Casa. Esperou cinco meses até o transplante do pulmão esquerdo. Hoje em dia, é do time brasileiro de atletismo e já representou o país em três mundiais para transplantados. “Fui a primeira brasileira a participar de um evento desses. Neste próximo dia 29 de setembro fará nove anos que eu transplantei. Eu renasci literalmente e este pulmão me permitiu ter um fôlego novo para a vida”, revela.

Ela também revela emoção durante o evento, que terminou com uma homenagem à equipe de batedores motociclistas da Coordenação de Operações Especiais (COE) da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Eles são responsáveis pela escolta de veículos para o traslado de órgãos para transplantes na Capital. “O trabalho que fazem parece uma coreografia, de fechar ruas e passar. É questão de minutos para salvar alguém”. Sob guarda-chuvas, as organizadoras agradeceram aos servidores, em um momento em que lágrimas caíram junto da chuva. “Nesta corrida contra o tempo, vocês cumprem um papel fundamental. Lembrem-se que vocês salvam vidas dos pacientes e de suas famílias que também sofrem”, discursou, antes de entregar aos batedores uma placa de agradecimento.


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