Carris pode parar na quinta-feira em Porto Alegre

Carris pode parar na quinta-feira em Porto Alegre

Prefeito Sebastião Melo não retirou de votação na Câmara Municipal o projeto que abre a possibilidade de desestatização da empresa

Eduardo Andrejew

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Com a decisão do prefeito Sebastião Melo de não retirar de votação na Câmara Municipal o projeto de lei 013/21, que abre a possibilidade de desestatização da Carris, os funcionários da empresa podem entrar em greve na próxima quinta-feira, dia 2 de setembro. Ocorreu uma assembleia pela manhã desta sexta, na qual 150 funcionários votaram unanimemente pelo movimento grevista. Ainda ocorrem mais duas assembleias, uma à tarde e outra à noite. A projeção do vice-presidente da Comissão dos Funcionários da empresa, Marcelo Weber, é que a maioria decida cruzar os braços.

De acordo Weber, será apenas respeitado o prazo de dez dias estabelecido em audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região (TRT4) com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte (Stetpoa), da companhia e do Município, para que o movimento grevista não seja declarado ilegal. Os dez dias também correspondem ao período em que o prefeito se comprometeu a não colocar o PL 013/21 em votação, após reunião realizada com a categoria na última segunda-feira, quando os trabalhadores realizaram uma paralisação. 

A decisão dos trabalhadores da Carris foi tomada após ser divulgada a posição do prefeito em relação à proposta elaborada pela Comissão de Funcionários da empresa e o Stetpoa em reunião realizada na manhã de quinta-feira, na sede da Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC). Além da retirada do PL 013/21, os funcionários e o Stetpoa queriam um prazo de seis meses para construir uma solução para a crise financeira que a companhia enfrenta. A proposta foi levada ao prefeito no mesmo dia e ele só se manifestou na manhã desta sexta-feira.

O presidente do Stetpoa, Sandro Abbáde, lamentou a postura de Melo. “Lastimável que o prefeito não queira dar um voto de confiança aos trabalhadores da Carris, eles só queriam negociar um prazo de seis meses, talvez quatro, para buscar uma solução não só pra eles, mas para a população”, criticou. “Espero que os vereadores consigam convencê-lo a mudar de postura”, acrescentou.

Mesmo se dizendo aberto ao diálogo, o prefeito diz que o projeto da desestatização da Carris “vem das urnas” e que a proposta já passou até por audiência pública, sendo amplamente discutida. “Não está na agenda do governo retirar o projeto”, declarou. “Nós estamos convencidos que ao desestatizar a Carris, o grande ganhador com isso será o sistema, a população, porque essa empresa hoje é uma empresa cujo quilômetro rodado dela custa 21% mais alto do que qualquer consórcio privado”, argumentou.

O prefeito observou que caberá à Câmara de Vereadores a votação do projeto. Melo ainda citou outras medidas que considera necessárias para modernizar o sistema de transporte da cidade, como a diminuição das isenções, a bilhetagem eletrônica e a retirada de impostos. “Então não é a Carris sozinha, é a Carris, a questão das isenções e a questão dos cobradores, é um conjunto de medidas que têm que ser enfrentadas”, disse, salientando ainda que a desestatização da Carris seria apenas parte da solução do problema.


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