Casa Viva Maria, que acolhe vítimas de violência, sofre com a falta de funcionários em Porto Alegre

Casa Viva Maria, que acolhe vítimas de violência, sofre com a falta de funcionários em Porto Alegre

Atualmente, vivem na casa seis famílias, com seis mulheres e 19 crianças

Giullia Piaia

Vereadora Laura Sito convocou a reunião

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A Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre debateu, durante reunião na tarde desta terça-feira, o futuro da Casa de Apoio Viva Maria, um abrigo protegido para mulheres em situação de violência doméstica e sexual, em risco de vida e de novo episódio de agressão grave.

Conforme já denunciado pela diretoria da casa de apoio, há cerca de duas semanas, em audiência pública na Assembleia Legislativa, o local passa por uma crise de recursos humanos, com um número deficitário de funcionários. Atualmente, vivem na casa seis famílias, com seis mulheres e 19 crianças. E para atender a todas, há apenas duas psicólogas, duas enfermeiras, três monitores e duas assistentes sociais.

Saionara Santos Rocha, assistente social e coordenadora do abrigo, disse que as duas enfermeiras da casa foram, agora, lotadas na Coordenadoria de Saúde Norte pela Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela Casa Viva Maria. Isso acarretará na saída das auxiliares de enfermagem que trabalham no local, pois elas não podem trabalhar sem a supervisão de uma enfermeira.

“Tirando as duas enfermeiras, se tira mais três funcionárias, que são as auxiliares. E a situação, que já estava ruim, está caótica agora. Temos uma boa estrutura, mas não é suficiente ter apenas a estrutura, o abrigo não pode ser um depósito de mulheres. Que elas não tenham atendimento e encaminhamento”, denuncia Saionara.

Ainda de acordo com a coordenadora, devido as baixas na equipe, ela e as psicólogas têm trabalhado em regime constante de sobreaviso, além de muitas horas extras para conseguir atender a todos os casos da rede. A Coordenadoria de Saúde Norte apenas mandaria ordens, sem abertura para diálogo, se preocupando apenas com o ponto horário, o que, conforme conta Saionara, só mudou após a audiência pública há duas semanas.

Está prevista a abertura uma nova casa de passagem em Porto Alegre, em agosto, mas a diretoria da Casa Viva Maria não vê isto como uma solução para seus problemas. O local já passava por sucateamento e falta de recursos, mas a situação se agravou durante a pandemia, principalmente com o aumento da violência doméstica durante o período de distanciamento social, momento em que mais mulheres ficaram em casa junto aos agressores, e nenhum outro abrigo do tipo foi aberto. O abrigo teme a descontinuação do serviço, o que a prefeitura garantiu que não acontecerá, durante a audiência pública na assembleia.

A vereadora Laura Sito (PT), que convocou a reunião, afirmou ao final do encontro que marcará uma reunião com a Secretaria de Saúde para discutir a falta de pessoal no abrigo. A secretaria havia sido convidada para a reunião desta terça-feira também, mas não compareceu.


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