Caso Rai Duarte: torcedor do Brasil de Pelotas recebe alta hospitalar

Caso Rai Duarte: torcedor do Brasil de Pelotas recebe alta hospitalar

Despedida de Rai do Hospital Cristo Redentor foi marcada pela emoção no começo desta tarde

Correio do Povo

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A despedida do torcedor do Brasil de Pelotas, Rai Cardoso Duarte, 33 anos, que teve alta do Hospital Cristo Redentor (HCR), em Porto Alegre, foi marcada pela emoção no começo da tarde desta quarta-feira.

“Sentimento muito bom. Estar voltando para casa, para esposa e para o filho. O sentimento é esse: alegria, muita alegria, porque foram quatro meses, 14 cirurgias”, declarou ele à imprensa, sentado em uma cadeira de rodas, na saída do estabelecimento hospitalar, junto com a mãe, Marta Moraes Cardoso, 52 anos. 

Eles aguardavam o amigo que os levariam de volta, em um Peugeot 208, para Pelotas. “A expectativa é a melhor agora: chegar em Pelotas! O pessoal está me aguardando lá”, comentou Rai Cardoso Duarte. “Meu maior desejo é se recuperar 100% e ficar bem”, afirmou. 

Gravemente ferido, o torcedor xavante havia sido internado no HCR depois de ser retirado de dentro de um ônibus pelo efetivo da Força Tática do 11º BPM na noite do último dia 1º de maio deste ano, após a partida entre São José e o Brasil de Pelotas, no estádio Francisco Novelletto Neto, no bairro Passo D´Areia, na Zona Norte da Capital. “Espero que os culpados sejam duramente punidos. Que o que aconteceu comigo não aconteça com mais ninguém. Por isso quero que os envolvidos sejam punidos”, enfatizou. 

A Brigada Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) sobre o caso, que ainda não foi concluído. No início de junho, a BM anunciou a transferência de 17 policiais militares. Deste total, 11 brigadianos foram afastados e colocados à disposição da Corregedoria-Geral da BM, responsável pela investigação. Outros seis foram remanejados para batalhões da Capital.

Em um primeiro momento, ele não pretende mais voltar aos estádios. “Abandonei o futebol”, chegou a dizer, frisando que permanece mesmo assim torcedor do Brasil de Pelotas. Depois, refletiu melhor e admitiu que poderá ir “só na Baixada”, mas garantiu que não sairá da cidade para assistir qualquer partida. “Não viajo mais”, garantiu. 

“A gente está muito feliz. Ele se recuperou bem e vai se recuperar mais.”, falou dona Marta, que saiu de Pelotas tão logo soube do que havia ocorrido na Capital e ficou todos os dias ao lado do filho internado no HCR. Ela agradeceu “a toda equipe do hospital e a todos que ajudaram com oração”, além do trabalho da imprensa. “Queria agradecer a todas as pessoas que ajudaram direta ou indiretamente”, resumiu. “Vida nova, graças a Deus”, complementou. 

“Meu filho é tudo para mim. Desde que ele estava aqui, eu estava aqui”, recordou. Ela contou que fez até amizades com a equipe de saúde que atendeu seu filho durante todo esse tempo. “Estou muito feliz”, reafirmou. 

A mãe de Rai explicou que o filho terá neste momento restrições alimentares, “Ele tem desejo de churrasco, mas agora não pode. Agora tudo é de pouquinho”, explicou, prometendo preparar a comida dele com “tempero de amor”. Sobre o filho de Rai, que está para nascer, dona Marta previu que o neto virá em novembro deste ano. “Ele está louco para chegar, está bem ansioso”, constatou. 

Ela quer justiça sobre os responsáveis pelo que aconteceu com Rai. “Acredito no meu filho. Eles bateram e torturaram. A gente sabe que a impunidade é muito grande. Eu peço justiça, justiça...Não deixem o assunto morrer. A gente precisa fazer com que pare com esse tipo de coisa”, disse, lembrando até o caso da morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, cujo corpo apareceu em um açude depois de ter sido abordado por três policiais militares em São Gabriel.

“Não sei até agora porque agrediram meu filho. Seja o que for, nada justifica tentarem matar meu filho”, desabafou. 

Raui permanecerá sendo acompanhado pela equipe do HCR. “Foram 116 dias de internação, 43 dias de UTI, com 14 cirurgias”, enumerou o gerente de internação do hospital, médico José Aciolly Fossari. “Foi um trabalho maravilhoso da equipe do trauma, da cirurgia plástica, da enfermagem, da nutrição, ou seja, uma equipe de saúde que trabalhou maravilhosamente bem”, ressaltou. 

“Fico orgulhoso da equipe de saúde que procedeu esse tratamento no Rai. O Rai chegou aqui com uma situação extremamente crítica, extremamente grave, com possibilidade de morte iminente”, acrescentou. 

“Ele está saindo são e com todas as condições de saúde depois de um trauma tão forte a que foi submetido. José Aciolly Fossari está se recuperando maravilhosamente”, emendou, observando que problemas podem aparecer futuramente, mas no momento “Rai está indo em ótimas condições para casa” e “está bem”.


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