Casos de diarreia aguda são registrados em 25 municípios gaúchos

Casos de diarreia aguda são registrados em 25 municípios gaúchos

Conforme o Cevs, os surtos podem estar associados à ingestão de água, alimentos ou de pessoa para pessoa

Felipe Bornes Samuel

Falta de água.

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Pelo menos 25 municípios gaúchos identificaram a ocorrência de surtos de doença diarreica aguda (DDA) desde o final de agosto, totalizando 2 mil casos nessas cidades. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) emitiu alerta e confirmou que em nove cidades foi identificado um vírus chamado norovírus como a causa desses casos de doenças gastrointestinais. Conforme o Cevs, os surtos possivelmente estão associados à ingestão de água, mas também pode ser transmitido por alimentos ou de pessoa para pessoa.

Nas demais cidades, os casos ainda encontram-se em investigação. Os municípios com maior número de casos no Rio Grande do Sul são Bento Gonçalves, com 394 casos, Santa Cruz do Sul (374) e Saldanha Marinho (228). O Cevs destaca que alguns municípios informaram apenas que tiveram um ou mais surtos identificados, a se confirmar o número de pessoas. E reforça que as medidas de investigação e controle estão sendo realizadas pelos respectivos municípios, Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e Cevs.

Coordenadora da Comissão de Controle de Infecções do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Caroline Deutschendorf, orienta a população a consumir água de fontes seguras e tratadas e reforçar os hábitos de higiene - como lavar as mãos - para evitar o contágio pelo vírus. "Pode ocorrer (a transmissão do vírus) tanto por água contaminada quanto de pessoa para pessoa. Uma pessoa infectada que vai ao banheiro, por exemplo, e não higieniza as mãos, pode estar com vírus acabar transmitindo para outra pessoa", afirma.

A infectologista alerta que além de sintomas como diarreia, a pessoa pode apresentar febre, mal-estar no corpo, náusea e vômito. "O ideal para a recuperação é repouso, hidratação, tomar líquido e cuidar da fonte de água. Seguir tomando líquido da mesma fonte contaminada não adianta, é preciso verificar bem a fonte da água", observa. Conforme Caroline, na maioria das vezes são casos leves.

Para impedir a disseminação do vírus, o Cevs reforça que é importante realizar periodicamente a limpeza de caixas d’água. E destaca que as amostras clínicas de pessoas com sintomas são encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) em Porto Alegre. Além disso, também foram coletadas amostras de água em alguns desses municípios, que aguardam resultado da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Conforme a Vigilância em Saúde, o norovírus pode apresentar resistência às concentrações de cloro aplicadas na água tratada previstas na legislação de potabilidade. E o aumento de resíduos orgânicos na água pode fazer com que esse vírus resista ao tratamento químico previsto.

Recomendações a população em geral

  • Consumir água de fontes seguras (potável) tratadas, que tenham processo de desinfecção por cloro ou outra tecnologia. Caso seja desconhecida a fonte, em situações de emergência, recomenda-se fervê-la antes do consumo e antes do preparo de alimentos por, no mínimo, 5 minutos.
  • A higienização das superfícies, equipamentos e utensílios utilizados no preparo e consumo de alimentos deve ser realizada com água tratada e/ou fervida.
  • O gelo para consumo ou conservação de alimentos deve ser oriundo de água potável e/ou fervida.
  • Higienizar as mãos de forma adequada, lavando-as com água e sabão, principalmente após a utilização de banheiro, troca de fraldas, antes de preparar e manipular alimentos e antes das refeições.
  • Afastar as pessoas doentes das atividades de manipulação de alimentos e reforçar a higiene pessoal mesmo após o desaparecimento dos sintomas.
  • Realizar a limpeza da caixa d’água uma vez ao ano ou sempre que necessário.
  • Ambientes de creches e escolas demandam uma maior atenção, visto que são locais mais comuns para esses tipos de surtos.

Cidades com surtos em investigação e número de casos reportados até o momento

  • Barra Funda* – 26 casos
  • Bento Gonçalves* – 394 casos
  • Carlos Barbosa – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Caxias do Sul – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Colorado* – 19 casos
  • Dois Irmãos* – mais de 200 casos
  • Esteio – 144 casos
  • Garibaldi – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Horizontina – 69 casos
  • Lavras do Sul – 174 casos
  • Mato Leitão – 50 casos
  • Monte Belo do Sul – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Morro Reuter – cerca de 20 casos
  • Pinto Bandeira – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Porto Alegre* – 03 casos
  • Saldanha Marinho – 228 casos
  • Santa Cruz do Sul* – 374 casos
  • Santa Maria – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Santana do Livramento* – 214 casos
  • Santa Rosa – 28 casos
  • Santo Cristo – 14 casos
  • São Marcos – surtos identificados (sem informação de número de casos)
  • Sarandi* – 49 casos
  • Tucunduva* – 33 casos

*cidades que já tiveram ao menos duas amostras clínicas de pessoas confirmadas para o norovírus


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