Casos de reinfecção por Covid-19 são investigados por hospital de Porto Alegre

Casos de reinfecção por Covid-19 são investigados por hospital de Porto Alegre

Secretaria Estadual de Saúde informou que não há nenhuma identificação do tipo no Rio Grande do Sul 


Gabriel Guedes

Obtenção de anticorpos não é garantia de que não ficará doente de novo

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A obtenção de anticorpos de memória do Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19, não é garantia, para quem já foi infectado, de que não ficará doente de novo. Segundo especialistas, este risco é real e casos assim podem até estar sendo subnotificados.

Segundo a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (SES), não há nenhuma identificação desta situação no estado, mesmo com a notificação da Prefeitura de Santo Antônio da Patrulha, no dia 24 de novembro, sobre duas mulheres que teriam contraído o vírus novamente. Na ocasião, o órgão estadual negou a informação. Agora, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) está investigando sete casos de reinfecção entre seus profissionais.  

“Possibilidade de reinfecção é um fato, mas de baixa frequência. Ela é rara, mas existe. É possível que existam mais casos, que não venham à tona”, acredita o infectologista Alessandro Pasqualotto. Segundo o médico, contrair a doença não assegura necessariamente imunidade permanente. “Por vezes essa reinfecção é mais grave que a primeira infecção. Por isso que mesmo quem já ficou doente, precisa manter os cuidados para evitar uma reinfecção”, recomenda Pasqualotto. Seria necessário, de acordo com o especialista, estudos para apontar se causa pode estar em uma modificação genética do vírus ou se trata de um vírus novo.

O chefe do Serviço de Medicina Ocupacional do HCPA, Fábio Dantas, diz que identificaram sete prováveis casos. O médico explica que o setor, responsável por cuidar da saúde dos funcionários da instituição, tem uma estratégia fixa de investigação. “Fazemos um teste de RT-PCR detectável. Se decorrido, 90 dias, estas pessoas apresentarem sintomas gripais, a gente já considera uma provável reinfecção”, explica. 

Entretanto, para apurar o que está acontecendo, são utilizadas mais alguns técnicas, como o painel viral. “É uma bateria de exames, pelo mesmo swab nasal (coleta com uso de tipo de cotonete), testamos para outros agentes que causam síndromes gripais. Se o RT-PCR for negativo (para Covid-19), consideramos que é por um outro agente”, acrescenta. Mas neste caso ainda é feito o teste imunológico para Covid, em que o IGG que indica contato prévio com o vírus, mas o RT-PCR for negativo, é descartada a reinfecção.

Um dos casos investigados pelo HCPA, teve um intervalo de 120 dias entre a primeira e a segunda infecção pela Covid-19 e é o período mais longo entre os sete casos. “Ainda não está tão claro qual é a frequência que ainda ocorre. Têm artigos de São Paulo e Rio de Janeiro, de vários órgãos de regulação, que já deixaram claro que a reinfecção é possível”, afirma Dantas. Outra preocupação associada à reinfecção, é a durabilidade da proteção natural contra o vírus.

“Não se sabe quanto tempo é a imunidade. Pode variar de três a seis meses. Mas estes dados ficarão mais claros quando as pessoas tiverem disponibilidade de outros testes, como os testes de anticorpos e antígenos em saliva, orofaringe, que talvez venham auxiliar”, pontua.

Até que se tenha uma resposta em definitivo a respeito da reinfecção pela Covid-19, quem foi infectado, deve manter os cuidados, como o uso da máscara, etiqueta respiratória e higiene de mãos. E desconfie se estiver com sintomas gripais: procure ajuda especializada.


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