Cor escura e correnteza do Guaíba dificultam buscas a empresário que pilotava aeronave
Condições climáticas são descartadas como motivo de queda do avião monomotor na segunda-feira
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A cor escura e a correnteza, ampliada pelos ventos, têm dificultado as buscas ao empresário Luiz Cláudio Albert Petry, 43 anos, único ocupante do pequeno avião monomotor que caiu nas águas do Guaíba por volta das 17h50min dessa segunda-feira, na altura do bairro Ponta Grossa, zona Sul de Porto Alegre.
A base das buscas, que continuam 18 horas depois da queda, é concentrada na avenida Guaíba, esquina com rua Leme, em frente à praia de Ipanema, que teve um trecho isolado para o trânsito das autoridades. Para os trabalhos de procura ao empresário participam 13 bombeiros militares, sendo 6 mergulhadores e outros 3 embarcados, e 4 fazendo buscas por terra. De acordo com o site Flightradar24, que monitora o trajeto de aeronaves em voo, o avião decolou da pista privada de Fazenda Jacuí, em Eldorado do Sul, às 17h45min, e seguiu na direção sul. Seis minutos depois, às 17h51min, sumiu dos radares, entre a Pedra da Baleia e a boia 115 do canal do Guaíba, na altura do bairro Ponta Grossa. Não houve testemunhas.
Já o motor foi encontrado no fundo do leito do Guaíba, cravado na areia. Nas primeiras horas do dia, a movimentação foi intensa e diversas viaturas estacionaram na praia. “Não podemos determinar uma causa do acidente, até porque não somos os responsáveis por este tipo de informação”, declarou em entrevista coletiva o tenente Vagner Silveira da Silva, do 1º BBM, e que comandava a operação pela manhã.
Momento em que peças do avião caído em Porto Alegre no final da tarde de ontem chegam à orla da praia de Ipanema, trazidas pela equipe de buscas. Piloto Luís Cláudio Petry ainda é procurado @correio_dopovo pic.twitter.com/CGSbVW89Xn
— Felipe Faleiro (@felipefaleiro) October 4, 2022
Tanto no momento da queda como no dia seguinte, o céu estava claro e não havia neblina, o que descarta possíveis causas climáticas para o incidente aéreo. Ainda que informações não-oficiais apontem uma possível pane, a perícia oficial da aeronave, determinando as causas do acidente, deverá ser feita pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB. Nesta terça-feira, o tenente disse que esperava encontrar Petry com vida. “Estamos supondo que a pessoa pode estar viva e precisando de resgate. Precisamos estimar as áreas em que podemos realizar as buscas, com base nas informações que temos”, comentou o tenente.
Destroços de avião monomotor | Foto: Guilherme Almeida
Os dados da plataforma online mostram ainda que o avião teria voado até o limite de 3.800 pés, cerca de 1.158 metros de altitude, e atingido velocidade de 150 nós, por volta de 277 km/h, antes de cair de maneira abrupta no Guaíba. O Corpo de Bombeiros mobilizou o 1º Batalhão de Bombeiros Militar (1º BBM) e a Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS), com alguns mergulhadores.
As equipes, que trafegavam continuamente entre a praia e o trecho onde estava a aeronave, em um trajeto de seis quilômetros, localizaram alguns destroços da fuselagem do avião ainda durante a manhã, entre eles o assento do piloto, reunindo-os à margem do lago. Também houve mobilização de dois helicópteros da Brigada Militar, por meio do Batalhão Ambiental, Polícia Civil, Força Aérea Brasileira (FAB), Defesa Civil de Porto Alegre e botes do Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS).
Há pouco, helicóptero da Força Aérea Brasileira se juntou às buscas pelo empresário desaparecido Luiz Cláudio Petry, depois do avião que pilotava cair no Guaíba, na zona Sul de Porto Alegre. Partes da fuselagem da aeronave já localizadas @correio_dopovo pic.twitter.com/bO09PldoMD
— Felipe Faleiro (@felipefaleiro) October 4, 2022
Aviação para trabalho e lazer
Petry, casado há cinco anos e condutor de aviões há pelo menos 22 anos, tem dois filhos e curso concluído de pouso em água, gosta de viajar, e é proprietário de uma empresa de injeção de plásticos. Segundo o amigo Alberto Boff, também entusiasta da aviação, e que estava acompanhando nesta terça as buscas em Ipanema, há três semanas o empresário havia levado a aeronave para o hangar de Boff em Montenegro, no Vale do Caí, para mostrá-lo. “Ele voava quando tinha possibilidade. Utilizava para trabalho, mas também a lazer”, comentou Boff, relatando que este último havia sido o motivo deste voo antes da queda.
A empresa fornecedora da aeronave é a Wega Aircraft, de Palhoça (SC), que inclusive exibe a foto do mesmo avião em destaque no seu site. De acordo com a página da empresa, modelo tem 7,86m de envergadura, 6,55 de comprimento e 2,31m de altura máxima. Vazio, ele pesa 550 quilos e pode também carregar 360 quilos. É construído em materiais como fibra de carbono e fibra de vidro.