Coren-RS busca pelos direitos de uma categoria exausta

Coren-RS busca pelos direitos de uma categoria exausta

Piso salarial é prioridade dos profissionais da enfermagem, que tem enfrentando alta demanda na profissão na pandemia

Christian Bueller

Pandemia aumentou a exaustão dos profissionais da enfermagem

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Uma categoria que cuida das pessoas mesmo antes do nascimento, já no pré-natal, e está presente até o fim da vida. Os profissionais da enfermagem, exaustos por conta do dedicado trabalho durante toda a pandemia, buscam seus direitos que poderiam amenizar as dificuldades potencializadas com a chegada da Covid-19. Além de condições inadequadas para o serviço, falta de equipamentos e perda de pacientes e colegas, a busca por um piso salarial é uma das bandeiras do Conselho Regional de Enfermagem do RS (Coren-RS).

“Nossos problemas já existiam antes da pandemia, agora foi mais visibilizada. Aumentou a demanda de pacientes, alguns de nós adoeceram e seguimos trabalhando. Tem profissional da enfermagem no interior do Estado recebendo um salário mínino”, lamentou a presidente do Coren-RS, Rosangela Gomes Schneider.

Recentemente, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) protocolou ofício em nome dos conselhos regionais pedindo apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco ao Projeto de Lei 2564/2020, que estabelece o piso salarial para a profissão. “Fazemos jornada de 44 horas semanais, enquanto a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é de 30 horas”, reiterou Rosangela.

Lentidão da vacinação

Não bastasse os hospitais cheios, a presidente do Coren-RS lembra que a lentidão da imunização contra a doença desacelera a expectativa para reduzir óbitos e internações. “Em relação ao curso da Covid-19, estamos muito atrasados com as doses. E, ainda assim, pedem pela reabertura das escolas, sem que os professores estejam vacinados. É um contrassenso”, observou Rosângela, que revela ter passado esta semana pela Rua República, no bairro Cidade Baixa, região boêmia de Porto Alegre, e avistado os bares lotados, sem as medidas restritivas adequadas.

“Muitos dos 25 colegas que perdemos em decorrência do vírus, podem ter tratado algumas dessas pessoas que estão nas ruas, sem máscara”, emociona-se. Para Rosangela, o olhar mercadológico está acima da saúde da população.

Rosangela afirma que a saúde financeira do Coren-RS está boa, apesar de parte da verba das anuidades ser alocada para compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), distribuídos a alguns colegas. “Não é da nossa alçada, mas fizemos”, admite. Além de faltar equipamentos, falta pessoal para dar conta da demanda, que parece diminuir lentamente, mas não terminou. “Enfermeiros precisam sair do convívio dos pais por serem idosos. Soube de um caso de um profissional que dorme na garagem para não ter contato com a mãe”.

Semana da Enfermagem

A Semana da Enfermagem 2021, no Rio Grande do Sul e no Brasil, destaca a liderança da Enfermagem nos serviços de saúde, especialmente em tempos de pandemia do novo coronavírus. No dia 12 se comemora o Dia do Enfermeiro e, no dia 20, o Dia do Auxiliar e Técnico de Enfermagem. Neste ano, tudo ocorrerá de forma online.

Completando 10 anos em 2021, o Fórum Nacional da Enfermagem é outro evento que pretende colocar em evidência a profissão e seus desafios e necessidades. A programação no dia 12 terá um Twittaço, das 12h às 14h, e Marcha Virtual, das 14h às 17h. No dia 17 de maio, das 14h às 18h, uma Audiência Pública na Câmara dos Deputados e no 20 de maio, das 17h às 21h, um ato presencial em frente ao Congresso Nacional.


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