Mais de 700 profissionais da saúde estão afastados dos postos de trabalho no RS

Mais de 700 profissionais da saúde estão afastados dos postos de trabalho no RS

Casos de suspeita de infecção pelo novo coronavírus, além de medidas de precaução, impactam nas equipes de hospitais e unidades de atendimento

Correio do Povo

Em Bagé, cinco médicos estão infectados, outros 10 aguardam resultados do exame para confirmar o diagnóstico e mais 50 profissionais estão em isolamento

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Os profissionais que estão na linha de frente do combate à epidemia da Covid-19 no país também se tornaram vítimas dela. De Norte a Sul do país, médicos, enfermeiros e funcionários de unidades de saúde estão afastados do trabalho em virtude da confirmação ou suspeita de infecção pelo novo coronavírus, além de outros quadros gripais que igualmente colocam os trabalhadores em isolamento por 14 dias.

Levantamento realizado pelo Correio do Povo contabiliza mais de 700 profissionais nestas condições no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, pelo menos 116 profissionais já foram afastados dos postos de trabalho, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Nenhum deles tem confirmação de infecção, mas estão em isolamento por precaução. Segundo a SMS, a baixa está dentro do que se considera “gerenciável” para atendimento no sistema de saúde da Capital.

Em Bagé, segundo município com mais casos confirmados no Estado, dos 15 pacientes com a Covid-19, cinco são médicos. “A cidade vive uma situação atípica”, definiu o governador Eduardo Leite ontem, durante pronunciamento. Dez outros médicos estão afastados com suspeita da doença e aguardam o resultado do exame. O impacto na rede de atendimento local, contudo, é ainda maior, conforme explica o secretário municipal de Saúde, Mário Kalil: “Outras 50 pessoas, entre técnicos de enfermagem, enfermeiros e do setor administrativo da secretaria de saúde e da Santa Casa de Caridade de Bagé estão afastadas por terem tido contato com pessoas que testaram positivo para coronavírus.”

No Sul do Estado, sete profissionais de saúde estão afastados em Rio Grande. “Foi feita a coleta para exame de coronavírus, conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde, e eles estão em isolamento domiciliar aguardando o resultado”, explica a coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município, Shirley Cardone. Em Canguçu, três médicos e nove funcionários da equipe técnica de enfermagem do Hospital de Caridade da cidade também não estão trabalhando. “Eles apresentaram atestados médicos com comorbidades, mas notamos que existe uma apreensão principalmente dos funcionários em relação ao coronavírus. Acredito que quando tivermos os testes rápidos a situação deve melhorar”, observa o secretário municipal de Saúde, Eliezer Timm.

Na Serra o cenário é semelhante. Em Caxias do Sul, um médico está entre os 16 casos confirmados da doença na cidade. Segundo o secretário de Saúde, Jorge Olavo Hahn Castro, dois enfermeiros e um agente de saúde aguardam o resultado dos exames para confirmar o diagnóstico. Em Bento Gonçalves, o secretário Diogo Siqueira informou que 35 servidores da área da saúde estão afastado com sintomas gripais. Já em Farroupilha, conforme o secretário Davi de Almeida, oito profissionais de uma operadora de saúde estão sendo investigados com suspeita de coronavírus. Ele explicou que estes profissionais não são funcionários do Hospital São Carlos e nem das unidades básicas de saúde do município.

A cidade com maior quantidade de casos de afastamento é Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, onde 220 profissionais de todos os setores da área da saúde do município estão em isolamento. Ainda assim, assegura a secretaria de Saúde, o atendimento segue normalmente. Em São Leopoldo, apenas na Rede de Atenção Básica, são 30 profissionais afastados.

Das cidades da Região Metropolitana, Sapucaia do Sul afastou 27 profissionais da rede de atenção básica e outras 75 pessoas que atuavam no Hospital Getúlio Vargas e na UPA 24 Horas por apresentarem sintomas gripais. De acordo com a secretária Roberta Bazzo, servidores serão realocados de setores e serviços para recompor o atendimento. Ela também garantiu que a pasta está autorizada a fazer contratações emergenciais. Em Viamão, pelo menos dez servidores foram colocados em isolamento. Em Alvorada, outros sete profissionais, entre médicos, técnicos, dentistas e agentes de saúde. Segundo a prefeitura, todos estão em isolamento domiciliar. Na segunda-feira a administração recebeu a notícia de cinco resultados negativos e dois ainda aguardam análise.

Em Esteio, pelo menos oito pessoas foram afastadas por conta de suspeita de Covid-19. Cinco delas atuam na rede de unidades básicas e outras três no Hospital São Camilo, todas com coleta de material para exames já realizadas. Em Guaíba, três técnicos em enfermagem e um agente comunitário, já com coletas realizadas, estão em confinamento domiciliar. A prefeitura de Canoas informou que também tem profissionais da rede afastados, mas não soube quantificar.

Não só a suspeita de infecção tem retirado profissionais dos postos de trabalho. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, 79 pessoas estão afastadas das atividades por estarem em grupo de risco. Para atender demandas futuras, a prefeitura abriu cadastro para voluntários de todas as áreas. Até ontem, 401 pessoas se inscreveram. Dessas, 146 são da Saúde, sendo 97 técnicos em enfermagem, 41 enfermeiros e oito médicos.


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