Covid-19 e o desafio de fazer as vacinas chegarem a seu destino

Covid-19 e o desafio de fazer as vacinas chegarem a seu destino

Profissionais de logística se preparam para o desafio de distribuir as vacinas a partir do final de 2020

AFP

Vacinas começam a serem distribuídas pelo mundo todo no final deste ano

publicidade

Como serão transportadas milhares de milhões de doses de vacinas para combater a Covid-19, de forma rápida e segura? Profissionais da logística se preparam, com base em equações com múltiplas incógnitas.

Quantas vacinas serão necessárias?

A previsão é de que sejam produzidas entre 12 e 15 bilhões de doses em todo mundo, segundo a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica (IFPMA).

"Os modelos atuais antecipam que não haverá doses de vacina suficientes para cobrir toda população mundial antes de 2023, ou 2024", afirma a American Duke University.

Todas as vacinas serão transferidas da mesma forma?

Os laboratórios preparam dois tipos de vacinas. Um deles, por exemplo, a vacina da Pfizer/BioNTech, exige temperaturas muito baixas para armazenamento (até 80°C abaixo de zero), enquanto as outras mais convencionais podem ser mantidas entre 2°C e 8°C, a temperatura de um refrigerador doméstico.

O primeiro tipo, particularmente difícil de transportar, "incluirá até 30% das doses a serem distribuídas em todo mundo", considera o CEO do grupo de logística Ceva (CMA-CGM), Mathieu Friedberg.

Friedberg esclarece que já existem transportes a 80°C abaixo de zero para a transferência de órgãos. "Aqui, o que muda é o volume, em um período de tempo relativamente curto", aponta.

Para os 70% restantes, "sempre haverá logística específica. É um produto farmacêutico e, portanto, sensível, mas exige menos tecnologia", acrescenta.

Serão enviadas por avião?

Para Friedberg, metade das vacinas será transportada por via terrestre do local de produção para os locais de armazenamento e, depois, para os centros de vacinação.

A outra metade, segundo ele, vai exigir uma logística que combine transporte aéreo e terrestre.

Como o transporte aéreo será organizado?

"Será necessário estabelecer algum tipo de ponte aérea", afirma o gerente de carga da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Glyn Hughes. Transportar uma dose para cada habitante do planeta exigiria 8.000 voos em aviões cargueiros do tipo jumbo, já que cada um desses aviões pode transportar um milhão de doses.

"Temos que aumentar os voos de passageiros com capacidade no porão de carga", complementa o diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac, acrescentando que "tem que abrir as fronteiras para promover a distribuição".

A capacidade de transporte aéreo de cargas atual é insuficiente para atender à demanda. O colapso do tráfego aéreo internacional limita o abastecimento, uma vez que 60% da carga por esse meio é transportada nos porões dos aviões de passageiros.

O mundo estará preparado?

"Ainda há muitas incógnitas", diz um porta-voz da empresa de logística Geodis, subsidiária das ferrovias francesas. Entre elas, as quantidades a serem transportadas, em que temperaturas, os horários e quais esquemas de distribuição.

"As diretrizes ainda não são claras e, portanto, é extremamente difícil dizer aos clientes que os contêineres refrigerados são o meio mais apropriado de distribuir a vacina", comenta Mike van Berkel, do fabricante de contêineres para aviação VRR Aero.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895