Creas Leste está há mais de quatro meses com energia elétrica precária em Porto Alegre

Creas Leste está há mais de quatro meses com energia elétrica precária em Porto Alegre

Local que atende 200 famílias em situação de vulnerabilidade social sofre com furtos de fios

Felipe Faleiro

Salas estão funcionando às escuras ou com lâmpadas em uma fase, comprometendo trabalho de abordagem

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Desde o último dia 30 de maio, ou seja, há quatro meses e meio, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Leste, no bairro Vila Ipiranga, em Porto Alegre, vive uma situação dramática. Mantido pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), o local está com energia elétrica em apenas uma fase, comprometendo o atendimento às 200 famílias em situação de vulnerabilidade social diretamente acompanhadas, bem como o trabalho dos 28 funcionários. Doze são da equipe de abordagem do Ação Rua e 16 do administrativo. O caso foi denunciado ao Ministério Público gaúcho (MPRS) pelo vereador Jonas Reis.

“Temo um adoecimento da equipe. Estamos bastante cansados”, desabafa a coordenadora do Creas Leste, Janete Nunes Soares. O problema acontece pelo excesso de furtos dos fios de luz que vêm da subestação de energia que abastece o centro e a praça Dom Pedro, localizada ao lado. “Pessoas que não sabemos quem são pularam o muro e cortaram os fios, e a gente ia arrumando. Isto aconteceu bastante. Até que chegaram nos fios de alta-tensão, que não têm manutenção”, diz Janete. Há três meses, o contrato das manutenções também se encerrou.

Cada lâmpada ilumina de maneira diferente; algumas piscam, outras estão completamente apagadas. Geladeiras, micro-ondas e até os computadores e impressoras estão parados, sem uso. “Estamos trabalhando em sistema de revezamento. Não é fácil pra virmos todo dia, antes, no frio do inverno, e agora, neste calorão. Como vamos esquentar a comida? Temos que fazer isso em casa”, diz. Os funcionários, além de trabalharem no escuro, não podem carregar todos os celulares ao mesmo tempo, e recorrem a três notebooks para o serviço não parar.

"Às vezes, temos que colocar os papéis em um pendrive e imprimir em outros lugares". Ainda conforme a coordenadora, o Creas Leste está “deslocado” de seu local prioritário de atendimento, que é o território dos bairros Bom Jesus, Vila Jardim e Santana, o que incorre em um deslocamento maior da equipe, e consequente aumento de gastos e no desgaste humano. “O estabelecimento está aberto, mas não consegue atender a população como deveria, porque não tem como prestar o serviço dada a precarização, simplesmente por falta de energia elétrica. Não é possível a falta de condição de trabalho aos trabalhadores”, afirma Jonas.

A Fasc esteve no local na última terça-feira, e prometeu soluções. O diretor administrativo da fundação, Rodrigo Scaravonato, diz que foram viabilizadas “alternativas” junto à subprefeitura para atender a comunidade. “O serviço não deixou de ser feito. Claro, foi realizada com mais dificuldades. Não houve inércia ou descaso da Fasc”, diz ele. Conforme Rodrigo, os furtos afetaram todo o trabalho do centro comunitário onde o Creas Leste está localizado.“Pretendemos, ainda dentro de outubro, ou mais tardar novembro, ter a energia restabelecida ali”, promete. 

Um novo poste de energia também deverá ser colocado no local. Quanto à falta de segurança, há vigilantes trabalhando no Creas, o que não ocorre em todo o centro comunitário. “Sempre trabalhamos em parceria com a Guarda Municipal e Brigada Militar (BM), que são solícitas em nos atender dentro do seu alcance. Porém, enquanto assistência, não temos como disponibilizar ou investir em vigilância para todo este espaço”, comenta o diretor administrativo da Fasc.

CEEE Equatorial "não registrou furtos"

A médio e longo prazo, a intenção da Fasc é realocar o Creas para outro local mais próximo da comunidade. “Estamos buscando imóveis. Já tínhamos encontrado um e acertado com a equipe. Só que o proprietário dele desistiu da locação, e só quer vender agora. Acabou quebrando todo um projeto que tínhamos em cima deste espaço”. Curiosamente, a CEEE Equatorial disse que “não recebeu nenhuma solicitação de tensão baixa do Creas Leste”, e que “não registrou nenhum caso de furto de cabos de energia na região”. “A CEEE Grupo Equatorial está à disposição do Creas Leste para a solução do problema”.


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