Cubanos levam emoção e boas histórias na despedida do Rio Grande do Sul

Cubanos levam emoção e boas histórias na despedida do Rio Grande do Sul

Salgado Filho teve embarque de 142 profissionais do Mais Médicos nesta quinta-feira

Franceli Stefani

Salgado Filho teve embarque de 142 profissionais do Mais Médicos nesta quinta-feira

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A sala de embarque do Aeroporto Internacional Salgado Filho ficou mais movimentada do que tradicionalmente é, durante toda esta quinta-feira, com a saída de 142 profissionais do Programa Mais Médicos, que atuavam do Rio Grande do Sul. Eles partiram em voos intercalados, ao longo do dia, em uma jornada cujo destino chegará ao fim no sábado, quando desembarcarão em Cuba. Conforme a presidente da Associação Cultural José Martí, Marajuara Azambuja, desde terça-feira, os profissionais que atuavam no Estado começaram o retorno. Na sexta serão mais 50. Sábado, outros 172 e, no domingo, o restante, pouco mais de 10.

Nesse último período, ela comentou que cerca de 600 cubanos exerciam a Medicina nos postos de saúde espalhados pelo Estado. Ela disse que cerca de 1% do total resolveu permanecer em solo gaúcho. “A minoria tomou essa decisão, porque já fizeram o revalida e outros porque acabaram formando família por aqui e prestarão o exame.” Marajuara lembrou que havia cinco anos estava, junto com a comitiva da associação, no aeroporto recepcionando os profissionais que chegavam para atuar no Rio Grande do Sul. Ontem, acompanharam, com olhar carinhoso, a despedida. “O povo cubano é muito parecido com o brasileiro. Eles saem daqui com o coração partido de deixar amigos. Nós também ficamos tristes”, relatou.

Durante o dia, diversas demonstrações de gratidão. Muitos foram dar um “até breve” para os médicos, antes do embarque no Salgado Filho. “Eu mesma já passei por essa situação, quando em outro grupo, uma grande amiga, que trabalhou em minha cidade - Triunfo - precisou ir embora. Brinco que somos irmãs, apenas moramos em países diferentes”, expressou.

Com os sentimentos divididos estava a médica Yaima Almenares Cruz, que atuava em Carazinho, no Planalto Médio. “Foram momentos maravilhosos em que foi possível estar perto da população que mais precisava. Eles ficaram chateados quando me despedi, também fiquei.” Na bagagem leva boas histórias vividas em 15 meses de Mais Médicos. “Tenho dois filhos, marido, família em Cuba, que já me aguardam. Essa é a parte mais esperada de todo esse retorno.”

Quem também está com saudade de casa é Lauren Martinez Chavez. Depois de 34 meses irá reencontrar o casal de filhos e o esposo. “Estou ansiosa para vê-los. É muita saudade”, exclama. Ela, que estava em Casca, na região Noroeste, afirmou que carrega gratidão pelo carinho que recebeu. Ela, que atuou no pequeno município, com pouco mais de 3 mil habitantes, disse que teve um excelente acolhimento, recebeu amor e proporcionou muita atenção a todos os pacientes que chegavam para as consultas. “Eles comentavam, logo que cheguei, que não era comum o profissional ir de casa em casa, quando não havia nenhum acamado. Nós levamos esse conforto para cada um”, destacou.

Segundo Lauren, cada momento de sua caminhada no país é guardado com muito carinho. “Vou embora feliz com o trabalho que fiz. Todos nós, médicos cubanos, demos saúde a quem mais precisava.”

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