Declaração de vereador sobre racismos causa polêmica em Rio Grande

Declaração de vereador sobre racismos causa polêmica em Rio Grande

Wilson Duarte da Silva disse que crime não existe porque "pretos estão casando com brancas"

Gabriel Jacobsen/Rádio Guaíba

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As afirmações de um vereador de Rio Grande, durante o debate sobre um projeto de lei que trata de cotas raciais para o serviço público municipal, seguem gerando polêmica e repercutindo nas redes sociais. Ao subir na tribuna, o Wilson Duarte da Silva, do PMDB, chamado de Kanelão, defendeu que as cotas são discriminatórias, pois atualmente “os negros já estão quase todos brancos, é uma mistura”. Como exemplo, o vereador perguntou ao público: “Ou tu não vê um neguinho com uma branca, uma polaca?”.

Questionado sobre as afirmações, o vereador voltou a defender que não existe mais o racismo no País, pois negros e brancos podem se relacionar livremente. Segundo ele, também não existe diferença salarial entre essas duas faixas da população.

“Hoje não há mais racismo, somos todos iguais perante a Deus e à Constituição. Hoje os brancos estão casando com as pretas e as pretas cansando com os brancos”, afirmou o peemedebista. Ele sustenta ainda ser o único vereador da cidade com assessores negros.

Segundo dados do IBGE de 2013, a renda de afrodescendentes, incluindo também os mulatos, é 42,6% menor que a dos brancos. Também o desemprego no período foi maior entre negros (6,4%) que entre brancos (4,5%).

O presidente do Movimento Negro do PMDB gaúcho, vereador de Uruguaiana Dudu do Samba, discordou das afirmações e prometeu reunir a executiva do movimento para que o colega de partido se explique.

O promotor Mauro Souza, coordenador do Centro de Apoio aos Direitos Humanos, também disse discordar que não exista racismo no Brasil. Ele usa como exemplo o fato de que a porcentagem de negros que obtém acesso aos cargos públicos é desproporcional à de negros no total da população. Atualmente, há três inquéritos de racismo abertos na Promotoria de Direitos Humanos e dois na Promotoria do Torcedor, somente em Porto Alegre.

O projeto de lei, que acabou aprovado, garante a destinação de 20% das vagas no serviço público municipal para negros. Em âmbito federal, uma lei semelhante foi aprovada em junho deste ano, obrigando a destinação de 20% das vagas em concursos públicos federais para candidatos que se declararem negros ou pardos. A lei vale por dez anos e somente para concursos com três ou mais candidatos.

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