Depois de cinco meses de hospital por Covid-19, homem é recebido com homenagem de vizinhos

Depois de cinco meses de hospital por Covid-19, homem é recebido com homenagem de vizinhos

Ademir Dalmolin estava internado no Hospital Divina Providência, em Porto Alegre, e voltou para casa nesta quarta-feira

Gabriel Guedes

Ao chegar no condomínio, Dalmolin foi surpreendido por uma calorosa recepção

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O que seria um bom presente de Natal para você? Para o seu Ademir José Dalmolin, 57 anos, depois de passar 5 meses e 19 dias internado no hospital, lutando contra a Covid-19 e seu efeito catastrófico sobre o organismo, é a vida e o reencontro com a sua família. No final da tarde desta quarta-feira, sob um céu azul e um sol dourado, Dalmolin voltou pra casa e foi recebido com festa por seus vizinhos do condomínio Moradas do Lago, no bairro Vila Nova, na zona Sul da Capital. Balões, gritos de boas vindas e salvas de palmas completaram o retorno do morador que agora é considerado, por amigos e demais condôminos, um exemplo de vitória. 

A esposa, Delma Carniel Dalmolin, 53 anos, conta que não faz ideia de como o marido contraiu a Covid-19. Os dois começaram a trabalhar em home office em março e saíam de casa apenas para o essencial. “Ele é extremamente cuidadoso. Daí num dia ele teve calafrio, dor nas juntas e foi consultar. No dia 4 de julho ele foi internado, no Divina Providência”, conta.  

Com a internação, começou a luta de Dalmolin. De início, ficou pelo menos 52 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Destes, 34 foram na UTI Covid, sem que a família pudesse ter acesso. Com a recuperação em relação ao vírus, foi para uma UTI geral, onde passou a receber a visita diária da esposa. Depois de uma breve recuperação, ele ainda enfrentou um quadro de pneumonia bacteriana. Mas por causa do tratamento, foi necessário fazer tratamento com antibióticos, que acabaram fazendo seus rins falharem. Foi um período bastante difícil no tratamento e para a família. "Acreditamos em Deus. E foi isso que nos deixou em pé para superar este problema. Foi dito pelos médicos que ele não passaria do dia 22 de setembro. Disseram que foi um milagre: 5% foi a medicina, 95% a fé e a vontade de viver do Ademir", acrescenta Delma.

 

 

Dalmolin, que é gerente do clube Caixeiros Viajantes, ainda está debilitado. Por isso chegou em uma cadeira de rodas e cumprimentou os vizinhos ainda de dentro do carro com um breve sinal de positivo com a mão. Mas tê-lo em casa, mais do que completar o sentido do Natal deste 2020 para a família, segundo Delma, é um verdadeiro presente de vida, já que ele fez aniversário no dia 17 de dezembro. "Ele está consciente. Neurologicamente bem. Precisa de mobilidade. Mas vai ficar bem", acredita.  

De família de origem italiana, os encontros de Natal costumavam ser com os irmãos presentes. No de 2019, até mesmo a filha, Caroline, não estava presente. Ela estava fazendo um intercâmbio na Austrália, onde iria permanecer por dois anos pelo menos. Mas em janeiro de 2020, como se pressentisse algo que estava prestes a acontecer, resolveu voltar para o Brasil. "Ele até disse: 'filha, a gente te proporcionou isso'. Mas ela disse: 'não sei o que que é, mas preciso voltar e ficar com vocês'. Mas quando aconteceu pandemia, agradecemos a Deus por ela estar aqui", revela a mãe. 

As boas vindas foi uma ideia da administração do condomínio e abraçada pelos moradores. Ainda coincidiu com o Dia do Vizinho. "A gente resolveu fazer assim que soubemos da alta do vizinho. Pedimos autorização para a vizinha. E aí procuramos fazer este corredor dos amigos. O senhor Ademir já foi síndico e é muito bem quisto internamente. E hoje é o dia do vizinho e ganhamos este imenso presente, que é comemorar a vida do morador. E estamos feliz em receber ele com saúde. Foi muito emocionante. É um grande vencedor, é um lutador", comenta a síndica, Estelamaris Bernardes. "Queremos agradecer a amigos, vizinhos, à empresa, à minha empresa, o Grupo ALP Transportes, onde tive apoio de diretores para poder correr atrás, fazer as visitas. É gratidão o que temos com a equipe médica, equipe de enfermagem e até com os desconhecidos, de quem recebemos também muitas mensagens de apoio", retribui Delma.


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