Descoberta pode levar a tratamentos para esclerose lateral amiotrófica
Terapias buscam desligar mecanismo imunológico que provoca avanço da doença paralisante
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Os cientistas encontraram células imunológicas que invadem de forma anormal os músculos das pessoas com ELA e interagem com as conexões entre os neurônios motores e as fibras musculares. Nesta invasão pode estar a origem de um processo de inflamação crônica "que poderia explicar a falha das fibras nervosas motoras que controlam corretamente o músculo", explicou em um comunicado Luis Barbeito, pesquisador principal do Instituto Pasteur de Montevidéu.
Da pesquisa participaram, além do Pasteur, a Universidade do Alabama em Birmingham, a Universidade do Estado do Oregon e o Instituto Imagine de Paris. "Encontramos evidências de que certas células inflamatórias do sistema imunológico atacam essas uniões entre os neurônios e os músculos acelerando a denervação e a paralisia", disse Emiliano Trías, pesquisador do Pasteur e autor do trabalho publicado na quinta-feira no Journal of Clinical Investigation Insight.
Estas células, identificadas pela primeira vez, "poderiam ser alvo de fármacos que busquem inibir ou bloquear sua atividade nociva sobre os músculos e os nervos" dos pacientes com ELA, uma doença para a qual não há cura, afirmou Trías. Em ensaios em animais com ELA, os pesquisadores encontraram outro dado-chave: a quantidade destas células imunológicas, chamadas mastócitos e neutrófilos, aumenta bruscamente depois de que se inicia a paralisia.
"Utilizando fármacos como o masitinib e bloqueando especificamente estas células, poderíamos proteger as conexões que ainda funcionam corretamente nas primeiras etapas da ELA e desta forma desacelerar o avanço da mesma", detalhou Trías. O masitinib é um fármaco em desenvolvimento que foi testado clinicamente em oncologia durante mais de uma década, e foi testado em pacientes com ELA em ensaios clínicos.
O tratamento nos animais diminuiu os mastócitos e preveniu a degeneração progressiva dos nervos motores e a denervação muscular, explicaram os pesquisadores, ao acrescentar que os resultados são promissores para fornecer novos enfoques terapêuticos para desacelerar o avanço da perda de mobilidade. São necessários, no entanto, mais ensaios clínicos em pacientes.