Desocupação de prédio ocupado pelos Lanceiros Negros não tem prazo para ocorrer

Desocupação de prédio ocupado pelos Lanceiros Negros não tem prazo para ocorrer

Coordenadora do MLB afirmou que prédio estava em condições ruins antes da ocupação

Jessica Hübler

Reintegração de posse da Lanceiros Negros não tem prazo para ocorrer

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Ainda não há prazo para que ocorra a reintegração de posse do prédio do antigo Hotel Açores, no Centro de Porto Alegre, que foi ocupado pela Ocupação Lanceiros Negros Vivem, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Apesar da liminar concedida pela Juíza de Direito Luciane Marcon Tomazelli, da 1ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, nesta quarta-feira, as partes ainda não foram intimadas, então o prazo ainda não teve início.

A advogada do movimento, Elisa Torelly, afirmou que a medida jurídica ainda está sendo estudada, mas garantiu que o prazo ainda não começou. Conforme a coordenadora do MLB, Nana Sanches, consta na decisão judicial um posicionamento da proprietária do imóvel, garantindo que ele estava em “excelente estado de conservação”. “Isso não é verdade! Inclusive temos muitas fotografias que comprovam o estado do imóvel quando chegamos. Limpamos tudo, tiramos mofo, teias de aranha, baratas e ratos mortos”, detalhou Nana.

Segundo a coordenadora, as cerca de 150 famílias que estão no local tiveram a iniciativa de organizar uma creche, denominada Anita Garibaldi, visto que pelo menos 50 crianças moram na Ocupação. “Estamos contando com o apoio de estudantes de pedagogia e também com doações de brinquedos, berços e colchões”, disse.

Nana lamentou que, até o momento, muitos dos móveis que estavam no outro prédio - que foi desocupado no dia 14 de junho - ainda não foram entregues às famílias. “Estamos buscando judicialmente”, afirmou. Dentro do imóvel que foi desocupado, Nana informou que também havia uma biblioteca improvisada pelos moradores e que, até o momento, nenhum dos livros foi entregue ao grupo. “Se eles não querem que a gente entre no prédio, tudo bem, mas pelo menos nos entreguem os livros e os móveis. Grande parte do que foi nos caminhões, naquela noite, nós ainda não tivemos acesso”, destacou.

Além das famílias que já integram a Ocupação, Nana relatou que diversas pessoas procuram o MLB e pedem ajuda. “Diariamente várias pessoas estão nos procurando, mas nesse momento vamos manter como está”, explicou. Segundo ela, isto mostra como muitas pessoas estão em situação vulnerável e precisam de apoio.

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