Desperdício e má gestão afetam sistema de saúde no RS

Desperdício e má gestão afetam sistema de saúde no RS

População não tem acesso a avanços tecnológicos como diagnóstico, prevenção e tratamento

Cintia Marchi

Desperdício e má gestão afetam sistema de saúde no RS

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A exemplo dos últimos 67 anos, 7 de Abril é a data para comemorar o Dia Mundial da Saúde. Em 2016, há um consenso entre entidades gaúchas que a data tem de servir para se exigir mais financiamentos por parte dos governos. Não faltam argumentos. A realidade das epidemias, o sucateamento nas unidades de atendimento, o limite de gastos determinado pelo Estado, a falência de hospitais, o contingenciamento orçamentário anunciado pela esfera federal na ordem de R$ 5 bilhões em 2016 são motivos de preocupação.

O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Rogério Aguiar, destaca que há pontos positivos no país no que se refere aos avanços tecnológicos, como diagnósticos, tratamento e prevenção. Por outro lado, lembra que é limitado o acesso da população a estes instrumentos. “A crise de investimentos na saúde anda no caminho oposto de uma proposta de atendimento universal”, afirma. “O que existe é desperdício e má gestão que fazem com que haja uma dificuldade grande de sustentar este sistema funcionando. Esta crise político-financeira vai resultar na diminuição da qualidade de vida da população”, acrescenta Aguiar.

Para a presidente do Conselho Estadual da Saúde (CES), Célia Machado Gervásio Chaves, o problema do subfinanciamento contamina todo o sistema. “Enquanto continuamos sem garantia de recursos, sem ter como contratar pessoal, a demanda e as necessidades das pessoas só aumentam”, diz. “Achamos que com a aprovação da Emenda 29 (que define os percentuais de aplicação de recursos por parte da União, Estados e municípios) não teríamos mais cortes, mas não é o que acontece.” De acordo com Célia, o RS, nem mesmo depois da Emenda 29, cumpre os 12% estabelecidos. “O Estado continua colocando como despesas de saúde itens que não podem ser considerados. O RS nunca cumpriu os 12%”, afirma. No dia 14 de abril, o CES vai promover uma plenária sobre o tema do financiamento.

Apesar da diminuição da mortalidade infantil e do aumento da expectativa de vida das pessoas, “a saúde pública vai muito mal”, na opinião do presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo de Argollo Mendes. “Antes mesmo de chegar o inverno, já temos epidemia do vírus H1N1 e estamos com os hospitais lotados e totalmente incapazes de atender a demanda normal”, observa. O presidente do Sindisaúde, Arlindo Nelson Ritter, acredita que a reversão deste quadro só vai ocorrer na medida em que houver mais recursos à atenção básica. “Estamos com um modelo equivocado no Brasil. As pessoas estão tentando resolver seus problemas, mesmo os pequenos, dentro dos hospitais.”

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