Dois meses após primeiro registro, Porto Alegre tem mais de 560 casos da Covid-19 e 17 óbitos

Dois meses após primeiro registro, Porto Alegre tem mais de 560 casos da Covid-19 e 17 óbitos

Por conta da agilidade da gestão municipal, Porto Alegre foi uma das primeiras capitais do País a agir para achatar a curva de contágio do coronavírus

Jessica Hübler

A cada dia, novos casos surgem. Nesta semana, a Prefeitura flexibilizou algumas determinações que vinham sendo bastante restritivas

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Nesta sexta-feira, 8 de maio, faz exatamente 60 dias que o primeiro positivo para o novo coronavírus foi registrado em Porto Alegre. De lá pra cá, o número passou de um para 562 e já ocorreram 17 óbitos por conta da doença na Capital, de acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde. Uma semana após o registro do primeiro caso, a Prefeitura já havia determinado a suspensão das aulas e fechamento de shoppings, restaurantes e bares. Por conta da agilidade da gestão municipal, Porto Alegre foi uma das primeiras capitais do País a agir para achatar a curva de contágio da Covid-19.

A cada dia, novos casos surgem. Nesta semana, a Prefeitura flexibilizou algumas determinações que vinham sendo bastante restritivas, principalmente com relação à abertura do comércio. Desde terça-feira, microempreendedores individuais (MEIs) e empresas de pequeno porte, com faturamento até 360 mil por ano, podem abrir as portas e precisam seguir diversas orientações como como o distanciamento de dois metros para trabalhadores e clientes, higienização dos ambientes, disponibilização de álcool em gel e fornecimento de máscaras para os trabalhadores.

De acordo com o epidemiologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas, Ricardo Kuchenbecker, Porto Alegre está sabendo controlar a epidemia. “E precisa continuar assim, mesmo que a gente saiba que há um custo social importante, estamos vendo o sofrimento das pessoas, mais triste do que isso são só os óbitos”, definiu. Segundo ele, estamos empurrando o pico de crescimento exponencial dos casos.

“A medida que vamos empurrando, vamos tendo mais tempo para organizar leitos, assistência e assim por diante. O Rio Grande do Sul como um todo provavelmente vive uma situação ímpar nesse momento, no Brasil, porque a nossa curva de crescimento nesse momento é bastante menor se comparada aos demais estados e é o que permite que o sistema de saúde vai construindo práticas para responder a isso”, destacou. O grande nó, conforme Kuchenbecker, é um número elevado de pessoas demandando os serviços de saúde ao mesmo tempo, o que acontece em Manaus, por exemplo.

Sobre o avanço do novo coronavírus em Porto Alegre, Kuchenbecker ressaltou que houve uma diminuição na taxa de crescimento dos casos na Capital e até em certo sentido nos municípios da Região Metropolitana, principalmente em função do distanciamento social, que foi liderado pelos governos, mas que também teve uma adesão voluntária significativa por parte da população. “Esse processo impactou sobre a taxa de crescimetno dos casos de Porto Alegre. Transcorridos esses dois meses, não há dúvidas de que esse distanciamento social responde por isso”, ressaltou.=

Com relação ao número de óbitos, Kuchenbecker reforçou que não é possível definir qualquer cenário como “positivo”, pois estamos falando de vidas que foram perdidas por conta da doença, mas “nós deveríamos estar esperando, até esse momento, um número certamente maior de óbitos e isso não está acontecendo”. De acordo com ele, agora é preciso direcionar a atenção para as flexibilizações que começaram a acontecer essa semana, pois elas trarão reflexos nas próximas duas semanas.

Prefeitura amplia a realização de testes

A Prefeitura de Porto Alegre está ampliando a testagem para o novo coronavírus na Capital desde quinta-feira. Depois de aumentar a capacidade para até 580 testes por dia, número que se espelha no padrão de testagem da Coréia do Sul, referência mundial de enfrentamento ao coronavírus, o Executivo passa a oferecer análise para toda a população que apresente sintomas da Covid-19.

Há algum tempo, o prefeito Nelson Marchezan Júnior já havia alertado que há subnotificações no Brasil e no mundo e que, por isso, o número de casos não era uma boa referência. Agora, com a ampliação do número de exames, será possível ter mais precisão na quantidade de casos. “Passaremos a ser uma referência na testagem da população. Teremos uma base mais sólida para ampliar a segurança e assertividade das decisões”, afirmou o prefeito.

No início da pandemia, os testes estavam reservados somente para pessoas hospitalizadas e profissionais de saúde. Desde a última semana, passaram a ser aplicados em idosos e profissionais das forças de segurança. Segundo o secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, a medida consolida a preparação das estruturas de saúde para o diagnóstico completo. "Essas informações são determinantes na tomada de decisão para enfrentamento ao coronavírus na rede de saúde do município", ressaltou.

Para ter acesso aos testes, a população deve procurar os postos de saúde ou as seis tendas para atendimento a suspeitas de Covid-19. Pacientes com até sete dias do início dos sintomas serão encaminhados para pesquisa da presença do vírus pelo teste PCR. Já em pacientes com oito dias do início dos sintomas será feito o teste rápido, que verifica a presença de anticorpos.

Entre os 580 exames diários que estão sendo possíveis agora, estão incluídos os kits comprados pela prefeitura, 300 PCRs/dia fornecidos pelo Peritos Lab, 150 PCRs por dia fornecidos pelo Grupo Exame e 30 PCRs por dia na Santa Casa, além de 10 mil testes rápidos do Hilab, dos que foram doados por parceiros (2 mil testes rápidos pelo grupo Iguatemi), dos distribuídos pelo Ministério da Saúde (2,7 mil testes rápidos) e dos que serão realizados em parceria com o Hospital Moinhos de Vento (100 PCRs por dia).


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