Educandário São João Batista retoma eventos solidários com Carreteiro que celebra seus 82 anos

Educandário São João Batista retoma eventos solidários com Carreteiro que celebra seus 82 anos

Afetada pela pandemia da Covid-19, instituição busca na retomada das ações fôlego para atender crianças com paralísia cerebral

Vítor Figueiró

Educandário aposta nas ações solidárias para aliviar as finanças

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No mês em que comemora 82 anos, o Educandário São João Batista vai retomar seus eventos solidários numa grande celebração e para angariar fundos que amenizem a crise financeira provocada pela pandemia da Covid-19. Impedidas pela necessidade do distanciamento social, as ações como o Carreteiro Beneficente, que será realizado no dia 26 de setembro seguindo os protocolos sanitários, são a principal fonte de renda da instituição engajada no trabalho com crianças e adolescentes com deficiência desde 1939 em Porto Alegre. Para auxiliar e conhecer mais sobre a Casa, basta acessar http://educandario.org.br. 

Atualmente, a Casa conta com 32 funcionários e 146 pacientes são atendidos em diversos serviços como fisioterapia, terapia e outras áreas da saúde fundamentais para a qualidade de vida da pessoa com deficiência. "O Educandário é um patrimônio da cidade e quem mantém a estrutura são voluntários e as doações. Não é uma empresa privada, um órgão governamental", explica a relações públicas, Priscila Gomes, que trabalha há 12 anos na instituição. "Falar da pessoa com deficiência tem toda uma questão social, de política social. Até hoje, esse serviço não está disponível no SUS. Falar de inclusão e de acessibilidade é olhar para a pessoa com deficiência enquanto cidadão", reitera.

O colapso social provocado pela Covid-19 também afetou as dinâmicas dentro do Educandário, além do aspecto financeiro. Em sua maioria, as crianças e adolescentes do local estão no grupo de risco para a doença. "Tivemos uma redução na pandemia para manter a porta aberta. Hoje trabalhamos com espaçamento e distanciamento. A pandemia de uma maneira geral interferiu na qualidade de vida do paciente, pois tivemos que diminuir as horas terapêuticas. Eram 45 minutos, passaram para 30. Isso interfere na qualidade de vida. Ele precisa de fisioterapia, fonoaudiólogo, esses profissionais. São crianças, estão em fase do crescimento", explica Priscila.

De acordo ela, a despesa mensal é alta, devido à complexidade e à capacitação dos profissionais para atender as crianças. "Quando falamos do Educandário, falamos da causa da Pessoa com Deficiência. É uma questão de causa, de entendimento, de empatia. É preciso, ao olhar para esse trabalho, entender como o lugar está cumprindo com seu papel social e assistir uma parcela da comunidade desassistida."

Além das doações, a profissional ressalta que existem outras maneiras de auxiliar a instituição. Entre elas, estão o Funcriança, a Nota Fiscal Gaúcha e o projeto Tampinha legal. No Funcriança, doações com dedução do Imposto de Renda Devido podem ser feitas por pessoas físicas - que podem destinar até 6% do imposto devido - e as pessoas jurídicas (Lucro Real), que poderão deduzir 1%. Na Nota Fiscal Gaúcha, com a inclusão do CPF na emissão do documento fiscal no ato de suas compras, os cidadãos concorrem a prêmios e as entidades sociais por eles indicadas são beneficiadas por repasses. O Tampinha Legal, criado pelo Educandário, transforma os doações de tampinha em renda para o local. Tampinhas plásticas separadas por cor são vendidas por quilo. 

Por seu longo período trabalhando no local, Priscila revela que a causa se tornou uma grande paixão de sua vida. "É muito mais que um trabalho. Meu aniversário foi na quinta passada e pedi para meus amigos para que fizessem uma doação ao Educandário como presente", comenta. 

Entre as coisas "apaixonantes" citadas pela RP, estão a história do local, da fundadora Déa Coufal e da necessidade de se engajar na pauta da pessoa com deficiência. "A Déa era uma mulher a frente de seu tempo. Foi a segunda gaúcha a receber carta de habilitação e sempre buscou ajudar o próximo", disse. Em 1920, Déa Cezar, nome de solteira, casou com Oswaldo Coufal, engenheiro e loteador do bairro Ipanema, e pode iniciar seus ideias de ajuda ao próximo com a Casa da Criança Inválida, primeiro nome do Educandário São João Batista, em 1939. "O surgimento do Educandário nasce de um momento de voluntariado em que a Déa investigou inúmeros outros casos de Poliomielite no Estado, o que a motivou reunir seus amigos e familiares para a criação da Casa da Criança Inválida". 

O trabalho de Déa é tão reconhecido, que é nome de rua na Capital e sempre contou com o auxílio e a doação dos porto-alegrenses e gaúchos para prosseguir sua trajetória de solidariedade. "É uma missão", finaliza Priscila. 


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