Em Canoas, venezuelanos sonham em recomeçar a vida

Em Canoas, venezuelanos sonham em recomeçar a vida

Famílias terão oportunidades através de programas sociais e atendimento em serviços da prefeitura

Jessica Hübler

Erika Maria Blanco e Eliezar José Rojas Blanco comemoram chegada em Canoas

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Sorriso no rosto e olhar de esperança são duas características que definem o segundo grupo de venezuelanos que chegou ao Rio Grande do Sul. Entre os 201 refugiados que desembarcaram nesta quarta-feira em Porto Alegre, estavam 65 crianças de 13 dias a 12 anos; 13 adolescentes de 13 a 18 anos; 56 homens de 19 a 53 anos e 67 mulheres de 19 a 57 anos.

Após horas de viagem de Boa Vista, em Roraima até o Aeroporto Internacional Salgado Filho, as famílias foram levadas para um alojamento em Canoas, na Região Metropolitana, onde terão a oportunidade de reescrever histórias marcadas pela dor enfrentada na Venezuela.

Com uma recepção calorosa, que incluiu a participação de voluntários, equipes da Defesa Civil, da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados e da prefeitura de Canoas, todos receberam alimentos e foram direcionados para apartamentos equipados.

Foto: Guilherme Testa

Encantada com o espaço, Erika Maria Blanco, 26 anos, afirmou que não é possível descrever o alívio de estar em um lugar seguro e acolhedor. “Vamos recomeçar, buscar um bom emprego e aproveitar nossos filhos”, disse, ao lado do marido Edismel José Rojas Boada, 37 anos. Entre as alegrias vivenciadas no Brasil está o nascimento do terceiro filho do casal, Eliezar José Rojas Blanco, de dois meses, que nasceu em um abrigo onde a família estava instalada, em Boa Vista.

Fato que se repetiu para o casal Adrian José Campos e Rilianny Dall Valla Salazar Figueroa, ambos com 21 anos, que atravessaram a fronteira terrestre entre a Venezuela e Roraima quando Rilianny estava grávida. Pouco tempo depois da travessia nasceu Ahbrian Maurício Campos Salazar, que está com quatro meses.

Foto: Guilherme Testa 

"Estamos agradecidos, meu filho nasceu aqui e agora estamos contentes", ressaltou Adrian, enfatizando que seu maior sonho é trabalhar e dar o melhor para o pequeno Ahbrian. "Lá nós estávamos em uma situação muito crítica, ninguém tem dinheiro nem comida, eu trabalhava de pedreiro. Viemos para cá buscando apoio e encontramos", declarou.

Oportunidades

Hoje todas as famílias serão incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, com o objetivo de identificar aqueles com maior vulnerabilidade e que precisam de auxílios como o Bolsa Família. De acordo com o prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato, o município é responsável pela hospedagem e fechou uma parceria com a Ulbra, para que as crianças aprendam a língua portuguesa, possibilitando que sejam inseridas nas instituições de ensino no próximo ano letivo.

Segundo a secretária do Desenvolvimento Humano e Social de Canoas, Luísa Emília Camargo, os refugiados receberão atenção especial para acesso aos serviços de saúde e educação e, além disso, o perfil profissional de cada um está sendo traçado para que sejam encaminhados ao banco de oportunidades.

Solidariedade

A previsão inicial de inserção das famílias na vida comunitária é de seis meses. “Vamos capacitá-los para que eles tenham autonomia, possam gerenciar a própria vida e reiniciar os seus projetos de vida, para que eles também se sintam protagonistas da própria história aqui no Brasil”, enfatizou a secretária. “Já recebemos ofertas de emprego em cidades do interior e dentro de Canoas também, tem empresas que querem participar”, afirmou o prefeito.

De acordo com a vice-prefeita de Canoas, Gisele Uequed, o engajamento da comunidade canoense está forte. “Há uma solidariedade muito grande da sociedade com a situação dos venezuelanos”, enfatizou.

Nesta quinta-feira mais 192 venezuelanos devem desembarcar em solo gaúcho. Destes, 96 irão para Esteio e os outros 96, para Canoas. A expectativa é de que o grupo chegue a Porto Alegre no início da tarde.


Foto: Guilherme Testa

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