Engenho Velho é a primeira cidade a atingir meta de 70% da população vacinada no Rio Grande do Sul
Município do Norte do Estado também já tem praticamente a metade dos moradores com as duas doses dos imunizantes contra a Covid-19
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Após 146 dias de campanha de vacinação contra a Covid-19, o pequeno município de Engenho Velho, no Norte do Estado e o menor em número de moradores, se tornou nesta terça-feira a primeira cidade gaúcha a atingir o patamar de 70% da população imunizada com pelo menos a primeira dose. Considerando as duas aplicações, o município possui taxa de aplicação de 48,2%, também o maior patamar do Estado. Conforme o último censo do IBGE, a cidade tem 982 habitantes.
O cálculo, feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), não leva em conta dados absolutos, mas a porcentagem de doses aplicadas em cada localidade. Como efeito de comparação, as cidades de União da Serra, André da Rocha e Carlos Gomes, respectivamente a segunda, terceira e quarta menores populações do Estado, ainda não chegaram a 50% da taxa de aplicações.
O prefeito de Engenho Velho, Diego Bergamaschi (PT), credita os bons números aos povos indígenas, que ocupam 51% da área do município e que estavam nos primeiros grupos prioritários da campanha definidos pelo Ministério da Saúde. Das 1.197 doses aplicadas até esta terça-feira, 492 foram destinadas aos índios caingangues locais (253 da primeira dose e 239 da segunda).
Campanha de imunização contra a Covid-19 começou em Engenho Velho no dia 20 de janeiro | Foto: PMEV / Divulgação / CP
Há poucos dias, começou a vacinação de professores, funcionários de escola e motoristas da rede municipal. A Secretaria de Educação de Engenho Velho, Claudete Garbin Giacomoni, acredita que a qualidade da educação, também passa pela proteção aos docentes e a todos os envolvidos no processo educativo. “Pedimos aos responsáveis pelos alunos e comunidade escolar que podem, que enviem seus filhos à escola. Contamos com todas as medidas de segurança e de proteção. O processo educativo é fundamental às crianças”, defende.
O município de São José do Inhacorá é o segundo proporcionalmente com mais habitantes vacinados com ao menos uma dose, com 59,9%, seguido de Pirapó (56,6%), Porto Vera Cruz (55,7%) e Santa Margarida do Sul (54,8%).
Considerando a vacinação completa, com as duas doses, Porto Alegre lidera o ranking das 20 maiores cidades gaúchas, com um índice de aplicação de 20,2%, seguida de Santa Cruz do Sul (15%), Pelotas (14,9%) e Passo Fundo (14,3%). Confira o ranking completo abaixo.
Índice é considerado essencial
Ainda no ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que cerca de 70% da população dos países precisaria ser vacinada contra a Covid-19 para que a imunidade de rebanho fosse atingida. Essa expressão se refere ao momento em que o vírus não pode mais se propagar porque já não há pessoas suscetíveis a se contaminarem. Epidemiologistas costumam concordar com a ideia, mas os fatores são variáveis e podem mudar a qualquer momento, já que a doença é “considerada nova”.
O que sabe é que esse cálculo reverberado pela OMS depende do número reprodutivo, chamado de “R”, que se refere a quantos casos secundários provoca uma pessoa infectada, em média. Quanto mais alto for, mais pessoas precisam se imunizar. Se o “R” fosse 2, a porcentagem a ser imunizada deveria ser 50%. Mas o número reprodutivo do SARS-CoV-2 é 3, elevando o número para 67%, já arredondado para 70%, já que as vacinas não são 100% eficazes.
O número virou meta de presidentes, governadores prefeitos ao redor do planeta. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou uma projeção de vacinar com ao menos uma dose 70% da população adulta do país até 4 de julho, o Dia da Independência americana.
No Brasil, apenas 27,1 % da população tomou a primeira dose. Confira o vacinômetro por estados aqui. Segundo dados do Monitora Covid-19, portal de acompanhamento da doença da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se o ritimo de imunização se mantivesse no patamar atual, seriam necessários 991 dias até o país imunizar toda a população com a segunda dose.
Esse cálculo, contudo, não leva em consideração a escala crescente de entrega de doses, que tende a ser maior nas próximas semanas. É justamente estas entregas maiores, já realizadas nos últimos dias, que levou alguns estados brasileiros há projetarem vacinar 100% das pessoas acima de 18 anos com a primeira dose até setembro. É o caso do Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a expectativa é similar.
A diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Costa, é otimista quanto ao andamento da vacinação no Estado, pontuando que depende das remessas de novas doses que chegarem enviadas pelo Ministério da Saúde. “Este número de 70% é o que perseguimos. Quando iniciamos uma vacinação, buscamos uma imunização coletiva. Com as informações que temos hoje, tanto da capacidade das vacinas como da característica da doença, vemos que este número não é mágico. Mas se este número de pessoas tomar as duas doses, podemos falar com proteção coletiva de maior segurança”. Para Ana, o RS, líder no ranking da vacinação no país, mostrou “capacidade de distribuição e aplicação” da vacina.
A vacinação no RS
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