Epidemiologistas defendem a aceleração da vacinação para conter a terceira onda da Covid-19

Epidemiologistas defendem a aceleração da vacinação para conter a terceira onda da Covid-19

Futuro da Pandemia foi tema de debate da live promovida pela Amatra IV

Sidney de Jesus

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“Existe um equívoco recorrente no enfrentamento da pandemia. A terceira onda da Covid-19 poderia ser uma onda muita enfraquecida, se tivéssemos no Brasil a vacinação nos mesmos patamares de outros países. Para conter o avanço da doença é necessário acelerar a campanha de imunização e restringir a circulação do vírus”, afirmou o ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UfPel), epidemiologista Pedro Hallal, em live  sobre  “O Futuro da Pandemia”, promovida nesta sexta-feira, 14, pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4a Região (Amatra IV), conduzida pelo juiz Tiago Mallmann Sulzbach.

De acordo com epidemiologista Pedro Hallal, as medidas para restringir a circulação do coronavírus e apressar a vacinação não estão sendo adotadas no país. “Infelizmente, por uma série de equívocos, não é possível fazer uma previsão otimista para o futuro da pandemia. Imaginei que iríamos começar agora a assistir o recrudescimento da pandemia, mas a realidade é mais dura. O Brasil não aprendeu com o ano passado, quando deixou estabilizar a doença,  reabriu tudo e o vírus começou a aparecer novamente. Agora estamos repetindo. O que me surpreende é o quão rápido isso está acontecendo”, destacou o epidemiologista. 

Ao falar sobre o trabalho do Epicovid – estudo epidemiológico sobre o coronavírus no Brasil – no qual é coordenador, Pedro Hallal afirmou que a pesquisa de monitoramento da doença aponta que  18% da população gaúcha teve a Covid-19 em um ano de pandemia. “Se pensarmos que 25% das pessoas já tomaram uma dose da vacina e que vários são os mesmos, no máximo 35% da população está com anticorpos. A pessoa que minimamente vê essa falta de imunidade coletiva com a seriedade necessária vai dizer que 70% dos gaúchos estão suscetíveis a pegar o vírus”, explicou o epidemiologista, que acredita que o Brasil precisa ter 1,5 milhões de doses de vacina por dia e três semanas de lockdown rigoroso para combater a Covid-19. “Já que infelizmente não vamos fazer isso, a minha previsão quanto ao futuro da pandemia não consegue ser otimista”, enfatizou Pedro Hallal. 

“Sabemos que existem fatores que afetam a evolução da pandemia, que ainda não temos o controle e são modificáveis. Um dos motivos que causam o avanço da Covid-19 são as ações para evitar que as pessoas infectem umas as outras. Se adotarmos algumas ações comprovadamente eficazes contra a propagação do vírus, como a vacinação em uma escala mais rápida, poderemos alterar o curso da pandemia”, afirmou o chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento, médico Alexandre Zavascki. Segundo ele, o vírus do novo coronavírus não é classicamente suscetível a mutações. “Tivemos infecções em escala tão ampla que acabaram aparecendo. Mutações que nos favorecem e afetam também o curso da pandemia. As medidas que temos hoje disponíveis para fazer podem controlar esse fator biológico e impedir que o vírus sofra mutações que compliquem mais ainda a nossa situação”, explicou o Alexandre Zavascki. 

Para o chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento, o Brasil não deu muitos sinais, enquanto país, sobre a compreensão da pandemia e como ela é. “É importante frear a propagação da Covid-19, mas quando não se entende o problema é mais difícil achar soluções. Vemos muita confusão e a falta de ideias claras sobre a doença. Acredito que vamos continuar enfrentando dificuldades e tentando levar a vida convivendo  com o vírus”, afirmou Alexandre Zavascki, que ressaltou que com a vacinação realizada de forma fracionada não se pode prever o resultado. “Temos que saber como o nosso sistema imunológico vai responder à vacina. As pessoas não vão ficar seguras enquanto forem vacinadas se estiverem sempre em exposição. Não adianta estarem imunizadas e terem anticorpos, se não continuarem com as medidas de prevenção”, ressaltou.  


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