Estudo aponta que álcool está ligado em 75% dos acidentes fatais com jovens

Estudo aponta que álcool está ligado em 75% dos acidentes fatais com jovens

Campanhas de conscientização são lançadas para diminuir o problema

Hygino Vasconcellos

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Um número alarmante. Segundo estudos científicos, 75% dos acidentes fatais com jovens estão ligados ao álcool. O alerta foi dado pelo psiquiatra Gustavo Teixeira, que recentemente lançou o livro “Manual Antidrogas”. Ele ressalta que diversos estudos apontam que o uso abusivo do álcool está relacionado a um número “assustador” de acidentes automobilísticos entre adolescentes. Segundo estudos americanos, aproximadamente 40% dos afogamentos e até 50% dos estupros de estudantes universitários estão também relacionados ao uso abusivo do álcool.

A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, realizada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que consultou 1.455 alunos de 64 turmas do 9º ano (adolescentes com idade entre 13 a 14 anos) de 52 escolas de Porto Alegre, não apontou resultados melhores. Em um dos questionários, 78,2% dos jovens porto-alegrenses afirmaram que já experimentaram alguma vez bebida alcoólica — índice acima do registrado no país, de 66,6%. Em relação a outras capitais brasileiras, Porto Alegre fica, neste quesito, em segundo lugar junto com Curitiba e atrás de Florianópolis, com índice de 78,8%.

Além disso, 29% dos alunos gaúchos admitiram que já sofreram algum episódio de embriaguez, o que deixa a cidade na terceira posição. Na primeira posição fica novamente Florianópolis, com 31,1%, e logo atrás Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 30,7%. O psiquiatra do Hospital de Clínicas, Thiago Pianca, entende que a situação da Capital não é muito diferente em relação aos outros estados, já que a variação dos índices é pequena. “O consumo precoce é um problema nacional.”
Conforme Pianca, a ingestão do álcool por crianças e adolescentes vai agir diretamente no cérebro, nas partes que estão em desenvolvimento, responsáveis pelo controle do impulso.

Ações para coibir o consumo precoce


O consumo precoce de álcool deixou de ser uma preocupação apenas dos pais. Desde 2011, o Ministério Público também vem desenvolvendo ações para coibir o uso de bebidas alcoólicas por parte de adolescentes. A instituição criou, inclusive, um fórum permanente de prevenção à venda e ao consumo de bebidas alcoólicas envolvendo crianças e adolescentes.

O movimento foi criado a pedido de associações de pais e mestres e hoje reúne integrantes de 94 escolas, públicas e privadas, a maioria de Porto Alegre, mas conta também com a participação de colégios da região Metropolitana. O objetivo é alertar para os riscos da ingestão precoce de bebidas alcoólicas.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, em 2012, 43,2% de jovens com menos de 13 anos, na região Sul, admitiram ter tomado a primeira dose de bebida alcoólica nesta idade. Para o coordenador do Centro Operacional da Infância, Juventude, Educação e Família, procuradora de Justiça Maria Regina Fay de Azambuja, o dado é alarmante, pois até os 21 anos o cérebro e o próprio corpo desses jovens estão em formação e a ingestão antecipada de bebidas pode afetar o desenvolvimento destes. Para a procuradora, o assunto ainda é pouco discutido. “O que se percebe é que a sociedade como um todo está acomodada sobre o tema”, analisa Maria Regina. “O fórum começou para chegar nas famílias.”

Além do trabalho de prevenção, o Fórum Permanente realiza blitze em festas de formatura, sempre no final do ano, com a participação da Secretaria da Saúde, Ministério Público e Conselho Tutelar. A iniciativa começou em 2012, com quatro ações, nas quais ocorreram 70 atendimentos envolvendo casos graves de embriaguez. No ano passado, foram seis fiscalizações, com 150 registros.

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