Excesso de lixo pelas ruas preocupa moradores de bairros de Porto Alegre

Excesso de lixo pelas ruas preocupa moradores de bairros de Porto Alegre

Prefeitura afirma que remove 25 toneladas por dia apenas da área da zona Norte

Felipe Faleiro

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Conviver com o excesso de lixo espalhado pelas ruas é uma tarefa ingrata para muitas famílias em Porto Alegre. Os problemas relacionados ao entulho, ao cheiro forte e à proliferação de animais transmissores de doenças, como ratos e baratas, são aspectos que rondam esta população de maneira contínua, causando medo e indignação. Em dias de chuva, o problema se agrava e aumenta a sensação dos moradores de abandono do espaço público. 

Na Vila Zumbi, bairro Navegantes, na zona Norte, próximo à Arena do Grêmio e uma das mais importantes vias de entrada de Porto Alegre, uma montanha de resíduos chama a atenção pelo seu volume. Ela fica bem em frente a uma pichação em um muro, virado para a rua Voluntários da Pátria, indicando que é proibido jogar lixo ali. Cães transitam pela área e remexem nas sacolas plásticas em busca de alimento. Uma retroescavadeira do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) circula pelo entorno e movimenta alguns entulhos.

Enquanto isso, catadores de recicláveis buscam tirar algum sustento dali. Um deles disse que o problema existe há anos, e seriam os próprios habitantes da área os responsáveis por promover um verdadeiro lixão a céu aberto no local. Há empresas e mercados diversos situados na área, mas há muito mais casas de famílias carentes. Quando chove, a água barrenta e contaminada, que muitas vezes não tem para onde escoar, mistura-se aos resíduos sólidos, e ingressa nelas, aumentando o risco de doenças.

Não muito longe deste local, na rua Adelino Machado de Souza, bairro Farrapos, a rua sem asfalto acumulava água em vários pontos ontem, misturada ao lixo espalhado onde deveria ser a calçada. Seja aberto ou concentrado em sacolas, ele causa repulsa aos moradores. “Isso aqui só vai ser resolvido quando criarem umas floreiras, bonitas, assim como fizeram em outra rua. Eles [DMLU] vêm, limpam, e depois acontece tudo de novo”, lamenta a diarista Angelina Lima dos Santos, que passava pela rua empurrando um carrinho de bebê.

Outra que demonstrou sua indignação foi a pensionista Rosa Maria Lopes Machado, moradora da Adelino. “A gente não tem como transitar com crianças no colo para levar para a creche. Não tem como ir. Hoje de manhã tomei um banho de barro. Porque os motoristas também não respeitam a gente passando. É a coisa mais triste que tem, o jeito como ficou esta rua depois que mexeram aqui. Ficou horrível. Às vezes temos que andar no meio do lixo porque não tem como passar. À noite, é muito pior”, reclama. Ela afirma que os moradores querem realizar um protesto no local.

Encanamentos na rua também viraram abrigos de moradores de rua e usuários de drogas. A rua Doutor Paulo Hecker, no bairro Humaitá, é outro exemplo. Próximo do Parque Mascarenhas de Moraes, ponto tradicional de lazer de moradores de Porto Alegre e de municípios da região metropolitana, assim como local de abrigo de diversas espécies de pássaros, a via é depósito de lixo de todos os tipos.

Nos dias de semana, o trânsito por ali é frequente de veículos e pessoas que acabam por acessar as empresas do entorno. O DMLU afirma que retirou 50 toneladas de lixo da região da avenida Severo Dullius, no bairro Anchieta, e outras 23 toneladas de entulho acumulado nas ruas da Represa e Cavalo Crioulo, no Coronel Aparício Borges, onde morreu o técnico de áudio e vídeo Daner Hernandez Silva, após os temporais da última segunda-feira. 

O diretor de Limpeza e Coleta do DMLU, Alexandre Friederich, afirma que o trabalho nos locais da zona Norte é diário, e que, em média, são removidas 25 toneladas de lixo descartado irregularmente por dia apenas desta região da cidade. “Temos no parque Mascarenhas de Moraes uma Unidade de Destino Certo (UDC), mas as pessoas não utilizam”, afirma. De acordo com ele, em todas as áreas citadas, há máquinas, caminhões e compactadoras. “As áreas são bem atendidas. Temos efetivo fixo. O problema é a falta de conscientização e o descarte irregular.” Conforme ele, há na área uma retroescavadeira, duas caçambas e um caminhão compactador.


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