Fórum em Porto Alegre discute povos indígenas da Venezuela

Fórum em Porto Alegre discute povos indígenas da Venezuela

Regularização e proteção internacional foram alguns dos temas discutidos no evento

Cláudio Isaías

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Com o objetivo de discutir propostas para os povos indígenas da Venezuela, Porto Alegre realizou nesta quarta-feira o encontro preparatório do Fórum de Alto Nível dos Povos Indígenas. Entre os temas discutidos no auditório da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) estava o acesso aos processos de regularização e proteção internacional e o risco existente em rotas migratórias. O coordenador dos Povos Indígenas, Imigrantes, Refugiados e Direitos Difusos, Mário Fuentes Barba, ressaltou que o encontro reuniu um grupo de 30 indígenas da etnia Warao que chegaram a Porto Alegre em setembro do ano passado.

"Discutimos a criação de caminhos para assegurar a visibilidade e o fortalecimento dos povos venezuelanos acolhidos nos países vinculados: Colômbia, Brasil, Guiana e Trinidad e Tobago", explicou Barba. O Fórum foi promovido pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) contou com a parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS). 

As propostas construídas no debate serão apresentadas no Fórum de Alto Nível dos Povos Indígenas no dia 30 de novembro deste ano. Segundo Barba, o evento serviu também para discutir a criação de condições de discussão e coesão dos povos indígenas e para promover o encontro e o intercâmbio, bem como a reflexão sobre os seus riscos e impactos. 

Os indígenas venezuelanos residentes em Porto Alegre deixaram o seu país e função da miséria, da escassez de alimentos e remédios e insegurança. O grupo étnico Warao se destaca no ambiente urbano, com grandes habilidades de artesanato e mulheres com roupas coloridas. Eles são índios oriundos da região norte da Venezuela, que habitam há séculos o delta do rio Orinoco, no estado Delta Amacuro e regiões adjacentes dos estados Bolívar e Sucre. Warao, na língua nativa, significa “povo da canoa”, pois a relação deste grupo com a água é íntima: são, tradicionalmente, pescadores e  há cerca de 70 anos convertidos em horticultores, e vivem em comunidades de palafitas localizadas nas zonas ribeirinhas fluviais e marítimas, além de pântanos e bosques inundáveis da região de origem.

Segundo a Acnur, desde 2014, cerca de quatro mil Warao entraram em território brasileiro. Oriundos da Venezuela, os indígenas da etnia Warao começaram a chegar a Porto Alegre em setembro de 2020. Atualmente, já são 30 pessoas, número que deve subir, visto que o fluxo, mesmo em meio à pandemia, segundo a Acnur. A estimativa é que existam cerca de 50 mil indivíduos da etnia Warao. Apesar de historicamente circularem, não são nômades. Vivem há oito mil anos majoritariamente na mesma localidade, às margens do rio Orinoco, no nordeste venezuelano. Atualmente, aproximadamente cinco mil indígenas Warao vivem no Brasil, mesmo que a fronteira distante cerca de 800 quilômetros da região onde habitam. Pacaraima, em Roraima, é por onde ocorre a entrada da maioria dos imigrantes venezuelanos.


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