Falha em hidrantes colaborou para que fogo se alastrasse, dizem Bombeiros

Falha em hidrantes colaborou para que fogo se alastrasse, dizem Bombeiros

Incêndio foi controlado por volta das 3h da madrugada desta segunda

Agência Brasil

Incêndio começou por volta das 19h30min

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O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, situado na Quinta da Boa Vista, na capital fluminense, foi controlado apenas por volta das 3h da manhã desta segunda-feira. Vários diretores, funcionários e pesquisadores do Museu Nacional passaram a noite no local acompanhando os trabalhos e tentando colaborar. Havia preocupação com as dificuldades em controlar as chamas, a ausência de água e o risco de desabamento. Oficialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do incêndio.

O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Roberto Robadey, afirmou que um problema no funcionamento dos hidrantes contribuiu para o fogo se alastrar na região do parque, na Quinta da Boa Vista onde está o Museu Nacional. Segundo o coronel, foi preciso pedir apoio à Companhia de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) para ceder carros-pipa. Também foi utilizada água do lago da Quinta da Boa Vista.  

"Pedimos apoio a eles (da Cedae) de carros-pipa e também trouxemos os nossos carros da Baixada Fluminense. Os dois hidrantes mais próximos estavam sem carga", disse o militar. Ele lembrou que, ao chegar ao local do incêndio, o fogo estava de média para grande proporção. O comandante não confirmou as primeiras informações de que o fogo teria começado no primeiro andar.

Operação

De acordo com o comandante, a operação contou com 80 militares e 21 viaturas de 12 quartéis da capital e de municípios vizinhos. Robadey descartou a possibilidade de desabamento. "As paredes são muito grossas. O prédio é muito antigo. Os pavimentos internos desabaram", disse o militar. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h30min e rapidamente chegou ao local, mas até as 21h o fogo permanecia fora de controle. Era um incêndio de grandes proporções que tinha tomado todos os andares do edifício. Dezenas de curiosos entravam na Quinta da Boa Vista para ver o incêndio. Funcionários choravam. Não havia registro de feridos. Grandes labaredas atingiam os dois andares, e estrondos eram ouvidos de tempos em tempos.

"Num contexto como esse, todas as unidades [da universidade] são afetadas"

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, afirmou na madrugada desta segunda-feira que as dificuldades logísticas e estruturais dos bombeiros prejudicaram o combate ao incêndio no Museu Nacional. O reitor reconheceu que, por ser um prédio centenário, a sede do museu não atendia totalmente às exigências contra incêndio.

"Essa é uma edificação muito antiga que foi concebida em um contexto em que não existia o uso de energia, muito menos o uso intensivo de energia como são as edificação acadêmicas, que têm laboratórios, área administrativa, informática. É um prédio que dispunha de brigada, nós temos um trabalho sistemático com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, de trabalhar com a brigada. Extintores estavam em dia. Obviamente, a universidade precisa de uma reforma estrutural e foi isso que buscamos com o BNDES", disse.

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Recentemente, a universidade fechou com o BNDES um acordo para viabilizar mudanças estruturais no prédio histórico e a mudança de laboratórios e do setor administrativo para prédios anexos, a fim de minimizar o uso de energia elétrica no prédio, deixando-o apenas destinado a exposições. "A primeira parcela seria de R$ 21 milhões. Grande parte desses recursos estava destinada justamente para um sistema de prevenção de incêndio", disse.

Restrição orçamentária

Segundo Leher, o museu sofreu com cortes no orçamento porque a UFRJ está sob restrição orçamentária, assim como outras universidades públicas brasileiras. "Num contexto como esse, todas as unidades [da universidade] são afetadas". O reitor informou que terá uma reunião nesta segunda-feira com o ministro da Educação, Rossieli Soares, e cobrará do governo federal empenho para reconstruir o prédio e o acervo da instituição, que, segundo o próprio Museu Nacional, tem a maior coleção da América Latina.

"Para o país, é uma perda imensa. Aqui temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição da história moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Este incêndio sangra o coração do país. A única forma que temos neste momento de trabalhar essa brutal perda é reconstruir. Creio que o Brasil tem que forjar um compromisso com a sociedade política, o governo federal, que tem meios para isso, para que haja orçamento, para que a universidade possa de fato reconstruir essa edificação e recuperar, dentro do que for possível, seu extraordinário acervo", disse.

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