Familiares e amigos se despedem das vítimas de incêndio

Familiares e amigos se despedem das vítimas de incêndio

No Cemitério de Santa Maria, 40 sepultamentos ocorreram pela manhã

Correio do Povo

Vítimas são sepultadas no Cemitério Municipal de Santa Maria

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Familiares e amigos dão o último adeus às vítimas do incêndio na boate Kiss em Santa Maria, no Centro do Estado. Os primeiros corpos estão sendo sepultados nesta segunda-feira. No Cemitério Municipal, houve 40 enterros somente no turno da manhã. Outros 25 estão marcados para ocorrer ao longo dia. A tragédia na madrugada do último domingo deixou 231 mortos.

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Um dos sepultamentos foi o de Pedro Morgental da Silva, de 24 anos. Formado em Administração, ele trabalhava em um laboratório de medicamentos na cidade. “Ele era um cara feliz, engraçado. E tinha cartão vip pra entrar na boate”, disse o amigo da vítima, Alexandre Denardin, de 20 anos.

Também frequentador da boate Kiss, o estudante de Engenharia Elétrica estava a caminho da festa na casa noturna junto com outros quatro amigos. Ao chegar ao local, se deparou com o incêndio e a fumaça preta que saía pela porta e cobria a discoteca. “Eles realmente colocam muita gente lá e fica muito apertado. É complicado”, resumiu.

Cinco jovens são sepultados em Santo Ângelo

Cinco jovens naturais de Santo Ângelo que morreram na tragédia foram sepultados às 11h no município da região das Missões. São eles: Benhur Retzlaf Rodrigues, 19 anos; Fernando Michel de Vogarins Parcianello, 22 anos; Matheus Engers Rebolho, 18 anos; Lauriani Salapata da Silva, 21 anos; e Vinicius Uggeri, 23 anos.

Mais cedo, um ato religioso lotou a Catedral do município, com uma multidão se aglomerando na saída do cortejo junto a Praça Pinheiro Machado. O clima de consternação de familiares e amigos deixou a cidade chocada com as mortes. A administração pública decretou luto oficial de três dias.

A estudante Lauriani Salapata da Silva estava no quarto semestre do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).  Segundo amigos, ela também fazia cursinho, pois seu sonho depois de formada era prestar o vestibular para Medicina.

Benhur Rodrigues estava no segundo semestre de Engenharia Civil, profissão que sonhava desde criança. Já Vinicius Uggeri, acadêmico do oitavo semestre de Direito na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) de Santo Ângelo, estava visitando a irmã que estuda na UFSM.

Matheus Rebolho cursava o terceiro semestre de Direito no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA) também em Santo Ângelo, e estava em Santa Maria visitando o amigo de infância Benhur Rodrigues, quando decidiram ir até a boate. Fernando Michel de Vogarins Parcianello trabalhava em um shopping da cidade.

Um grupo de jovens convocou a população, através das redes sociais, para um ato às 20h desta segunda-feira, em frente a Catedral no Centro Histórico de Santo Ângelo. Sidinei Both Hammes, um dos organizadores, diz que o momento será de solidariedade pela dor dos mortos, familiares e amigos. A população está convidada a usar roupas brancas e levar uma vela ou lanterna.

Incêndio teria começado com sinalizador

O incêndio na boate Kiss – que fica na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min deste domingo. Cerca de 1,5 mil pessoas estariam no local, a maioria participando de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Guido Pedroso de Melo, afirmou que o objeto teria enconstado numa forração de isopor.

As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Testemunhas relataram que, a princípio, parecia uma briga e os seguranças fizeram um cordão de bloqueio. Mas, quando viram que era um incêndio, liberaram a passagem.

Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram e a pessoas tiveram que recorrer a equipamentos que ficavam mais distantes. Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimões, usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate.

Com informações dos repórteres Danton Júnior e Paulo Renato Ziembowicz

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